
A Força Nacional de Segurança Pública foi autorizada pelo Ministério da Justiça, na quinta-feira (20), para atuar no conflito na Terra Indígena Nonoai, na cidade de mesmo nome no Norte do RS. Quatro pessoas já ficaram feridas no confronto, motivado por uma disputa pela posição de cacique após uma eleição realizada no domingo.
O decreto foi assinado pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Ricardo Lewandowski, e publicado no Diário Oficial da União, com validade de três meses.
Um dos homens feridos no conflito precisou ser internado no Hospital de Erechim em estado grave. O Batalhão de Choque da Brigada Militar (BM) de Passo Fundo também enviou agentes ao local.
Além disso, ao menos seis casas foram incendiadas e os acessos à reserva bloqueados, impedindo a chegada dos bombeiros.
A reserva tem 36.908 hectares, em território que abrange os municípios de Nonoai, Rio dos Índios, Gramado dos Loureiros e Planalto, e abriga mais de 4 mil pessoas. De acordo com o Ministério da Justiça, o território tem histórico recente de disputas por terra e pelo controle do território.
Conflito
O atual cacique, José Orestes do Nascimento, de 75 anos, deixou o território em meio ao conflito. Em entrevista à RBS TV nesta semana, ele negou que tenha havido votação. Nascimento está à frente da liderança há 45 anos e afirma que o conflito foi provocado por dois capitães de sua gestão que teriam tentado tomar o poder.
Segundo o cacique, os dois estariam organizando um movimento para destituí-lo e, por isso, os removeu das funções de capitão há cerca de 60 dias. Em resposta, o grupo dissidente teria reunido cerca de 60 pessoas e passado a agir para assumir a liderança da reserva, conforme relato. Nos últimos dias, ainda teriam coletado assinaturas para legitimar a troca de comando.
— Chegavam com uma arma na cabeça das pessoas e obrigavam a assinar. Muitos assinaram para não levar um tiro. Ninguém queria a troca do cacique, só esse grupo que resolveu tomar o poder — disse Nascimento.
— Aqui sempre vivemos em harmonia. Há 45 anos sou cacique e nunca tivemos problema. Agora, está todo mundo com medo de voltar pra casa — completou.