Por Patrícia Alba, deputada estadual (MDB) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa
Quantas histórias cabem em uma vida? Para 10 mulheres, recentemente, os términos de relacionamentos impediram novos recomeços. Mais do que estatística, o feminicídio é um flagelo que desafia as conquistas sociais e os direitos. São pais, mães, irmãos, amigos e filhos clamando por justiça, lidando com a dor de uma perda brutal.
Cada feminicídio representa não somente uma tragédia individual, mas assinala a necessidade de uma transformação cultural profunda, na qual o respeito e a efetividade das políticas públicas estejam ao alcance de todos. O caminho é longo, o trabalho é constante e deve vir junto de ações como agravamento da pena. Além disso, a solicitação de medidas protetivas online, que a Polícia Civil começou a implementar, é mais uma ferramenta para ajudar no combate a esse crime que tem dizimado famílias.
Em Viamão, a condenação do prefeito Rafael Bortoletti a mais de nove anos de prisão, por violência de gênero, ecoa como um lembrete contundente de que a responsabilidade perante a Justiça deve imperar, independentemente da posição de poder. Agora, cabe ao Legislativo municipal investigar e até pedir o afastamento, dada a gravidade dos fatos que voltaram à tona, depois de seis anos. Não é possível aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância.
O feminicídio é um flagelo que desafia as conquistas sociais e os direitos
O município — no qual praticamente metade da população é feminina — tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres. Esse caso deve ser acompanhado de perto por todos, para que a justiça seja efetivamente cumprida, evitando outros casos.
A condenação do prefeito e a luta para reduzir as estatísticas do feminicídio são um chamado à ação para que toda a sociedade reflita sobre papeis e responsabilidades. É hora de dizer "basta" e trabalhar por um futuro em que as vidas das mulheres sejam valorizadas e protegidas, em um ambiente seguro e respeitoso