Por Francisco Milanez, diretor científico e técnico da Agapan
Fundada há 54 anos, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) é reconhecida como a primeira entidade ambientalista do Brasil e uma das pioneiras em todo o mundo. Desde sua origem, construiu uma trajetória marcada pelo trabalho totalmente voluntário de pessoas apaixonadas pela natureza e pelo compromisso de colocar "a vida sempre em primeiro lugar", lema que inspira todos os seus passos.
Nestas mais de cinco décadas de existência, a Agapan não apenas defendeu rios, matas, animais, qualidade de vida nas cidades e a vida em todas as suas formas, mas foi também uma das primeiras entidades ambientalistas do planeta a propor um novo modelo de desenvolvimento, mais justo, sustentável e responsável com as futuras gerações. Essa visão inovadora transformou a luta ambiental local em referência internacional, alertando para a necessidade de conciliar progresso e respeito à natureza.
Não era apenas uma árvore: era o símbolo de uma causa, de uma visão de mundo
Um dos momentos mais marcantes da história da Agapan completa agora meio século: os 50 anos da famosa subida na árvore, um gesto simbólico e corajoso iniciado por Carlos Dayrell e seguido por Marcos Saraçol e Teresa Jardim, que salvou uma vida vegetal e acendeu, em Porto Alegre, uma consciência coletiva sobre a importância da defesa ambiental. Estudantes que participavam da Agapan escalaram uma árvore ameaçada de corte, inaugurando um movimento de resistência pacífica que ecoa até hoje. Não era apenas uma árvore: era o símbolo de uma causa, de uma visão de mundo.
Graças àquele ato, a árvore permanece viva, testemunha de 50 anos de batalhas e conquistas. Ao longo do tempo, muitas outras vidas e ecossistemas foram preservados, consolidando o Rio Grande do Sul como polo de luta ambiental. O trabalho voluntário e apaixonado das pessoas que compõem a Agapan é um exemplo de dedicação e do poder da mobilização social.
Neste aniversário, celebram-se os ativistas que, desde o início, fizeram da Agapan não só uma associação, mas um movimento de amor à vida. Relembrar a subida na árvore é reafirmar a força das ideias inovadoras e transformadoras, algumas levaram até 30 anos para serem comprovadas pela ciência, mas nenhuma delas foi negada. São 54 anos de esperança, resiliência e responsabilidade com o planeta — uma trajetória que nos ensina, todos os dias, o valor de colocar a vida sempre em primeiro lugar.