Por Thiago Roberto Sarmento Leite, advogado, sociólogo e professor universitário, ex-juiz do Pleno do TRE-RS e presidente da Associação de Juristas Católicos do RS
O dia 24 de abril marca a data da morte, em 1935, do médico Eduardo Sarmento Leite, aos 67 anos. Eminentes biógrafos já buscaram dar a amplitude do homem e a magnitude de suas ações. Como escreveu o psicanalista e escritor João Gomes Mariante, “A história do ser continua viva, mesmo após a morte. Vida e obra existiram para não serem olvidadas... É fulgor que não se apaga!”.
Em 1898, foi cofundador da terceira Faculdade de Medicina do país, em Porto Alegre
Nascido em 7 de abril de 1868, na mesma Porto Alegre onde morreu, Sarmento Leite formou-se médico com apenas 22 anos, no Rio de Janeiro — que era então, com a Bahia, um dos únicos dois Estados com Faculdade de Medicina. Ao voltar à Capital, passou a atuar como cirurgião, realizando a primeira operação de apendicite no RS. Mais adiante, tornou-se notabilizado neurocirurgião.
Em 25 de julho de 1898, foi cofundador da terceira Faculdade de Medicina do país, em Porto Alegre. Titular da cátedra de anatomia descritiva, devotou-se ao extremo de considerar a faculdade como “filha mais velha”. Exerceu a direção por mais de duas décadas, sempre reeleito por justiça e necessidade e tornando a Santa Casa de Misericórdia um hospital-escola. Obteve concessão para construir e equipar, prioritariamente às suas custas, o instituto anatômico, dirigindo-o até quando veio a falecer, quando, seu nome passou a batizar o instituto.
Pela indissolúvel ligação com o médico e professor, a faculdade ficou conhecida como “a casa de Sarmento Leite”. Foi chamado de “o maior obreiro do ensino médico”. Na clássica obra Pantheon Médico do RS, consta: “Patrono da Medicina”.
Velado no salão nobre da faculdade, teve o esquife mortuário conduzido à mão ao Cemitério da Santa Casa, sob extraordinária consternação. Foi sepultado em túmulo providenciado pela classe médica e encimado por busto em bronze. Dentre inúmeras homenagens, virou nome de rua ou de escola em vários municípios. Por força de suas virtudes, inalterável coerência e insuperáveis exemplos, nestas nove décadas vem sendo lembrado pelas gerações que o sucedem.