Por Guilherme Fortes, diretor da Codifica
Muito tem se falado sobre a restrição do uso de celulares nas escolas. O tema chegou às rodas de debates em função da Lei n° 15.100/2025, sancionada neste ano. O texto veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante aulas e intervalos em todas as etapas da educação básica. Porém, a proibição não se aplica à utilização pedagógica desses dispositivos. Este é o ponto.
Aqui no Rio Grande do Sul, a proibição do uso de celulares dentro de sala de aula para fins de lazer, já era uma realidade. O impacto dessa medida, portanto, é em momentos extraclasse, com influência direta sobre a dinâmica social. Antes, as pausas durante a rotina escolar eram dominadas pela presença dos celulares, impedindo interações práticas entre os estudantes. Ao limitar o uso do aparelho é possível fortalecer laços de convivência essenciais para o desenvolvimento psicológico e social.
Não está em questão diminuir o uso da tecnologia em momentos de aprendizado
Importante frisar. A lei não interfere no aprendizado em sala, pois o uso da tecnologia nas escolas é mais do que uma escolha, é uma obrigação curricular. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já entende a tecnologia como parte fundamental na formação escolar. Tanto que em 2022 a computação foi integrada à BNCC contemplando três eixos: pensamento computacional, mundo digital e cultura digital.
Não está em questão diminuir o uso da tecnologia em momentos de aprendizado, mas sim em situações em que o estudante poderia estar criando conexões presenciais e desenvolvendo habilidades como a oratória e o relacionamento interpessoal. A lei não vem para trazer retrocesso, vem para incentivar o entendimento de que o verdadeiro valor da tecnologia na escola está em seu uso educativo e transformador.
O tempo gasto em frente às telas, no ambiente escolar, deve ser um tempo de produtividade intelectual, uma oportunidade para explorar a tecnologia não apenas como ferramenta de consumo de informação, mas como um instrumento de criação.
Não é para desconectar. Ao contrário, é para ajudar a conectar nos momentos certos!