Por Fernando Goldsztein, Fundador do The Medulloblastoma Initiative e conselheiro da Children’s National Foundation
A hiperconexão é um fenômeno que se abateu sobre a humanidade. Acredito que nove entre 10 pessoas passam boa parte do tempo mergulhadas em seus smartphones. Vejo pais que não interagem com os filhos, vejo crianças que não andam de bicicleta nem sobem em árvores, vejo cada vez menos pessoas com um livro nas mãos.
As redes sociais, meticulosamente projetadas para viciar, estão ganhando o jogo. Cada vez mais desperdiçamos o nosso precioso tempo com conteúdos superficiais e, na maioria dos casos, absolutamente inúteis.
Lembrei-me do recente caso da janela do avião. Jeniffer Castro, até então uma ilustre desconhecida, ficou famosa ao não ceder o seu lugar na janela. Ela resistiu impassível às ofensas e acabou caindo nas graças dos internautas. Em poucos dias, arregimentou mais de 2 milhões de seguidores. Repito, mais de 2 milhões de pessoas passaram a seguir, curtir e comentar os posts da Jeniffer. É um exemplo inequívoco de banalização do uso do tempo.
Inconformado, aproveito a proximidade do final do ano, momento em que estamos mais sensíveis e suscetíveis, para propor uma reflexão. Para isso, compartilho o poema O Tempo, de Mario Quintana:
“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é Natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dada outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.”
Em 2025, procure dedicar o seu tempo às coisas que realmente importam. Feliz ano novo!