Por Lúcio Almeida, advogado, coordenador do Grupo de Pesquisa Antirracismo da Faculdade de Direito da UFRGS e professor Universitário na Faculdade de Direito da UFRGS
No Dia da Consciência Negra do ano passado, tivemos a triste notícia já tão presente em nossa realidade social da morte de um homem negro por seguranças de um supermercado. Esse fato, fez pensar a respeito da periclitante realidade da população negra neste país. Não raro, neste período muitos afirmam de maneira jocosa que o importante é ter a consciência humana, outros até mesmo afirmam, que se deve esquecer do racismo estrutural e suas mazelas. Entretanto, diariamente, o racismo estrutural e suas variantes, como o racismo institucional e interpessoal atravessam a realidade de todos os negros em nosso país.
Assim, é que independentemente do modo como o sujeito negro viva, ou mesmo, do modo que adote uma visão compreensiva de mundo, seja ela, cristã, socialista, capitalista, conservadora ou liberal, o racismo estará sempre à espreita para vincular uma suposta inferioridade em razão da raça ou da cor. Ademais, há efeitos nefastos na psique de alguns negros, que desajustados pelo sistema racista, chegam a acreditar que a culpa do racismo sofrido possam ser deles.
Com efeito, o combate ao racismo deve ser uma missão imperiosa do ponto vista moral e suprapartidário
Nesses casos, o ódio e o desprezo experimentados se viram contra o seu próprio grupo étnico. Com efeito, o combate ao racismo deve ser uma missão imperiosa do ponto vista moral e suprapartidário. Outrossim, o que está em jogo é a própria noção de humanidade, porque o racismo é o inimigo comum da humanidade.
Quem pratica o racismo corrompe a humanidade presente em si. No momento em que escrevo este artigo, provavelmente mais um negro está sendo morto pela ausência de humanidade. Racismo é crime em nosso país. Contudo, precisamos avançar muito mais do que a proteção da arena penal, é preciso um comprometimento na educação em família, na escola, no trabalho e na comunidade em geral. Não há outra saída, teremos que conviver neste mundo e a melhor maneira de fazê-lo é a promoção do respeito à diversidade humana em todos os seus aspectos. Uma ética da proteção da diversidade humana.