Por Daniel R. Randon, presidente e CEO das Empresas Randon
Como poucas vezes na recente história da economia gaúcha, o governo teve a coragem de propor mudanças estruturais efetivas para tentar promover a reversão do quadro de falência do Rio Grande do Sul. Passam de 100 as regras hoje válidas para o funcionalismo público, entre benefícios, incorporações e direitos, que terão que ser revisados dentro de oito grandes projetos voltados à contenção de gastos com pessoal. Lembrando que as medidas valem para os novos servidores, o que garante segurança jurídica ao conjunto proposto. Para tornar o Estado governável, o único caminho é gastar menos do que é arrecadado, uma lógica que começa pelo orçamento familiar.
Na vida real e prática, é sabido que se fosse uma empresa privada, o Estado já teria fechado as portas. Como aceitar que o empregador não gere receita suficiente para respeitar o contrato com seus empregados, num prolongado, inaceitável e cruel período de parcelamento de salários? E sem perspectiva de abrir espaço para o cumprimento da função básica de atender as necessidades dos cidadãos que pagam a conta, sem nenhum retorno.
Sabemos que se o Estado não vai bem, a economia é afetada com reflexos negativos em toda a cadeia de negócios. Ou seja, embora duras, as medidas propostas atingem a todos, ainda que de maneira distinta.
O Rio Grande do Sul tem perdido negócios por conta da calamitosa situação financeira que inibe investimentos básicos em infraestrutura e por falta de perspectivas de melhorias. Quem circula dentro e fora do Brasil percebe que cada vez menos o nosso Estado aparece no radar dos potenciais investidores.
A proposta do governador Eduardo Leite sinaliza para o início de uma solução há muito aguardada pela sociedade, que quer respostas dos representantes eleitos, que certamente pensam em reeleição. Não há outra alternativa e nem tempo para postergação.
É hora, portanto, de apoiarmos a coragem de mudar. É urgente que os deputados gaúchos tenham consciência do momento e elevem os interesses para o nível estadual. É necessário que entendam a gravidade da situação e proponham alterações que não desidratem o objetivo de tornar o Estado governável e próspero para todos nós e para as próximas gerações. Como gaúchos, se não nos unirmos na crise, quando faremos?