Por Lasier Martins, senador PSD-RS
Tudo começou com as grandes manifestações que tomaram as ruas de todo o país em 2013. O que era aparentemente uma caótica revolta popular contra toda sorte de abuso cometido pelo Estado, sem alvo definido, foi se revelando um crescente despertar da consciência dos cidadãos brasileiros. Esse processo continuou avançando, atingiu o seu ápice nas eleições de outubro de 2018 e ainda não terminou. Os políticos em geral foram alvo de uma pressão inédita dos eleitores e da sociedade civil organizada.
A rejeição à classe política atingiu níveis jamais vistos. Mas não faltaram razões para isso: corrupção gigantesca, insensibilidade com as mazelas do povo e serviços públicos escassos e ineficientes apesar da pesadíssima carga tributária sobre os ombros da população. O povo deu mostras evidentes de que não aguenta mais a perpetuação dessas coisas. Boa parte dos políticos que se submeteram ao escrutínio do voto e mais facilmente associados à velha política foi varrida, mesmo quando se tentava iludir os mais incautos. O recado do povo estava dado na forma de expurgo.
Por outro lado, os candidatos nas últimas eleições melhor identificados com o avassalador desejo de mudança foram mais beneficiados pelo momento atual. A vitória do presidente Bolsonaro é a expressão de um eleitorado cansado com a repetição de nomes e práticas repugnantes. Muitos dos novos governadores escolhidos também refletiram a maré de renovação, que foi ainda mais explícita no Congresso. A mudança na composição das duas Casas, com a chegada de muitos estreantes na política, foi o claro sinal de que estamos entrando em revigorante etapa da República.
Por fim, o que vimos sobretudo no Senado, com a recente escolha do jovem presidente Davi Alcolumbre para comandar a Casa e o Legislativo federal até fevereiro de 2021, é a constatação cabal do início da regeneração da política, da boa política, que busca servir ao cidadão e não se servir do poder. Agora, quando se inicia o novo ano legislativo, com um Parlamento renovado na forma e no conteúdo, se descortinam tempos alvissareiros. Os desafios são muitos, começando pela urgente pauta econômica, seguida do pacote de segurança do ministro Moro. Vamos adiante!