Por Vânia Dornelles Guerra, professora, presidente do PSL de Alegrete
A Base Nacional Comum Curricular tem o propósito de diminuir as desigualdades de aprendizado. O problema começa nos temas transversais, nem sempre apresentados ou selecionados de forma isenta. A subjetividade das escolhas deixa os alunos e a escola ao sabor de uma ideologização crescente e perigosa. Cada vez mais se adentra em temas comportamentais que, segundo a Constituição, são prerrogativas da família.
Há uma corrente pedagógica que defende estar o aluno na escola para desenvolver competências. Essa significativa parcela de docentes é adepta de uma metodologia em que a BNCC deve orientar as diretrizes das redes, depois o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola e, por fim, dialogar com as práticas pedagógicas. Pondero a respeito que o exagero de temas transversais acaba por comprometer a sequência dos conteúdos desenvolvidos dentro do currículo.
Constata-se que a complexidade normativa, técnico-pedagógica e burocrática cria uma educação artificial, irreal e de gaveta. Essa exacerbação teórica esteriliza a prática docente e distancia-se da realidade. Só acontece no papel e o Ideb atesta essa anomalia. Essa pulverização de esforços precisa ser eliminada para que a educação saia do papel. Belos projetos não implicam necessariamente aprendizagem.
A educação não vai bem, o Brasil está a amargar um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 4,7 nos anos finais do Ensino Fundamental e 3,8 no Ensino Médio. Um resultado pífio, para não dizer desolador. Há um descompasso entre crianças a cada ano mais vivazes e informadas e o rendimento escolar por elas apresentado.
O conhecimento fundamental ocorre pela consolidação das aprendizagens e pela ampliação das práticas. A inclusão de conteúdos e atividades que ofereçam a vivência cívica, moral e ética, ampliará a autonomia intelectual, a compreensão das normas sociais e se refletirá positivamente nas relações interpessoais dentro e fora da escola.
Vou deixar aqui uma sugestão atrevida: deixem de inventar a roda! Deixem a criança ser criança. Rezem com ela, cantem com ela, leiam com ela. Também não esqueçam de ensinar-lhe a respeitar pai e mãe, cantar o Hino Nacional e tirar o boné em sinal de respeito. Deem bons exemplos, coloquem limites, cobrem ordem e asseio. Certamente subirá o Ideb, vocês receberão um beijo melado e esse Ideb deixará de ser tão adverso!