Por Elisabete Monlleo Martins da Silva, jornalista
O Jardim Botânico de Porto Alegre completa, hoje, 60 anos de existência. Originalmente com 80 hectares, foi restringindo ao longo do tempo seu espaço, dando lugar à Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – ESEF, ao Hospital São Lucas da Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, ao Clube Farrapos, ao Círculo Militar e ao Serviço de Metereologia, restando apenas 39ha. Neste caminhar ultrapassou problemas de toda ordem, falta de infra-estrutura, parcos recursos financeiros, desinteresse das autoridades, ameaças contínuas.
Nos últimos três anos, o Jardim Botânico passa por um processo de insegurança quanto aos rumos da sua história, na eminência de um desmonte generalizado, com perda significativa de recursos humanos, na grande maioria especializados na área, nos entraves impostos quanto à continuidade do trabalho que vem sendo realizado.
Aqui não se trata apenas de fechar uma fundação - Fundação Zoobotânica do RS – mas desestruturar três importantes instituições (Jardim Botânico, Museu de Ciências Naturais e Parque Zoológico), todas com uma longa trajetória desenvolvendo atividades de pesquisa, conservação e preservação da natureza, de educação ambiental e lazer. As decisões até agora tomadas configuram um retrocesso que remonta à década de 1970, quando a FZB foi criada visando agilizar as atividades que essas instituições realizam. Indiscutível que não se constrói um Estado forte ignorando a importância da ciência e da educação como componentes fundamentais na formação do cidadão.
Três anos perdidos e um futuro incerto. Mesmo assim, o Jardim Botânico ao completar seis décadas continua vivo. Lutando com uma pequena equipe de funcionários determinados e que ainda sonham. Idealistas, perseverantes, fortes, que não desistem.
O Jardim Botânico continua aberto e vai continuar pertencendo à sociedade que está unida em defesa desse Patrimônio.
Em 1986 o Jardim Botânico foi registrado no Programa Nacional de Apoio à Cultura, como órgão de fomento à cultura, em 2003 foi declarado Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul. Esta história não pode ser apagada!