Por Lucio do Prado, ex-diretor técnico da CESA e ex-presidente da FAJERS
A crise financeira pela qual passa o Rio Grande do Sul está fazendo os gaúchos se perguntarem como um estado que já foi rico e que sustenta um dos maiores PIB do país não consegue encontrar estratégias para voltar a crescer.
Nas últimas décadas, o governo gastou mais do que arrecadou em praticamente todos os anos. O saldo negativo foi aumentando, os juros viraram uma bola de neve e não há mais de onde tirar dinheiro para pagar as contas. O atraso no pagamento dos funcionários públicos e o calote na dívida com a União parecem não ter sido razões suficientes para convencer alguns líderes políticos de que enxugar a máquina pública é um dos caminhos para reencontrarmos o equilíbrio econômico-financeiro. Ao não aprovar o plebiscito sobre a privatização da CEEE, da CRM e da Sulgás, interesses personalíssimos foram colocados à frente do interesse dos gaúchos.
Uma coisa é não concordar com o esvaziamento das empresas públicas para apresentá-las como alternativa a privatização, outra é aceitar que o governo e a sociedade continuem absorvendo o déficit de instituições que não conseguem produzir de forma sustentável.
Trabalhamos cinco meses no ano somente para pagar impostos e a cada semana sentimos aumentar sobre nossos ombros o peso do Estado inchado, ineficiente e incapaz de cortar na própria carne regalias que nenhum empresário da iniciativa privada pode desfrutar.
Um exemplo da gravidade da situação é a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), que precisa de um aporte de R$ 2,6 bilhões até 2020 para evitar a perda da validade da concessão. De onde sairá esse recurso se a empresa não for vendida? Dos cofres públicos já raspados.
Mais do que criarmos uma agenda positiva, precisamos assumir a responsabilidade de reencontrar o caminho do desenvolvimento, apresentando propostas e projetos de futuro que possam ser construídos com a participação do maior interessado: o cidadão pagador de imposto.