* Advogado e professor
O caso JBS é polêmico por vários motivos, pelo que se vê e pelo que não se vê. O que se vê é que políticos em Brasília tentaram dirigir a economia do país dando excepcionais linhas de crédito para a empresa, com a finalidade de "gerar empregos" e criar um "campeão nacional" que competiria no mercado global. A JBS adquiriu diversas empresas menores e concentrou um mercado grande e sensível (alimentação) nas mãos de poucas pessoas, não por talento e inovação. Brilharam os olhos de políticos e burocratas.
O que não se vê nesse tipo de política econômica são suas consequências no restante da economia. A folha de pagamentos do grupo JBS é algo que se vê, o que não se vê são os empregos que nunca foram criados como resultado de o governo ter optado por tributar e por se endividar (tributação das futuras gerações). Ou seja, não podem ser vistos os investimentos não realizados pelo dinheiro ter sido tirado de uma pessoa para ser entregue a outra – amiga do governo do dia.
Não bastasse isso, ao tributar ou ao se endividar para dar dinheiro a corporações, o governo nada mais faz que concentrar capital nos "amigos do rei", empresários e membros da alta burocracia que se movem em uma relação achaque/suborno de cifras altas pelo grande poder que têm – poder de fazer de uma empresa qualquer um player do comércio mundial. Qual o preço justo disso?
Dizer que o BNDES é o maior banco de investimentos do mundo é também dizer que é o maior instrumento de concentração de capital tirado à força de quem trabalha (e paga impostos) para os amigos do governo do dia.
Portanto, o que não se vê é justamente o que merece ser discutido: a política econômica do Estado como motorista da economia é injusta com quem trabalha. Os defensores dessas ideias precisam responder pelos milhares de empregos (atuais e futuros) perdidos pela opção de agradar a empresários amigos e pela desigualdade gerada nesse processo, a pretexto de gerar "campeões nacionais".