Um ano depois de assumir a Presidência, Michel Temer exibe um saldo de reformas positivo, como o teto de gastos e a do Ensino Médio, em um país avesso a mudanças. São, porém, reformas insuficientes e que não permitem celebrações. Com as reformas da Previdência e trabalhista ainda em marcha lenta, o governo Temer tem o enorme desafio não só de aprová-las como de lançar as bases para um país que ponha para trás os tropeços éticos e a leniência com a coisa pública. Para isso, é preciso endereçar uma reforma política urgente que redefina o financiamento das campanhas e a multiplicação de partidos. É preciso uma reforma tributária para simplificar o cipoal de impostos e taxas que atormentam empresas e cidadãos. É preciso uma reforma profunda do Estado para fechar ou vender estatais inúteis e transferir para a livre-iniciativa serviços hoje caros e ineficientes. É preciso ainda uma revolução na segurança e nos presídios, a partir da liderança do governo federal, antes que o ovo da serpente do extremismo ressurja nos desvãos de um eleitorado justificadamente assustado com a criminalidade.
Para chegar ao poder, o ex-vice de Dilma apostou em uma aliança com o Congresso, orgulhando-se de supostamente ostentar a maior base de apoio da História recente do país. A reforma da Previdência – fundamental mas já desfigurada – e a proximidade da eleição de 2018 foram suficientes para abalar os alicerces dessa relação.
O tempo corre. Michel Temer terá, nos próximos um ano e sete meses, a chance de entrar para a História como o presidente que recolocou o Brasil no caminho da confiança e do crescimento. Mas, para isso, terá de tomar decisões ainda mais difíceis e enfrentar renovados desgastes antes que a frágil travessia se transforme em naufrágio. Para acelerar as reformas, Temer precisa neutralizar as pressões e vencer a guerra da propaganda, decisiva para convencer um Congresso de viés populista a aprovar medidas duras mas necessárias para o futuro. Nessa queda de braço, reside a maior dificuldade do primeiro ano de governo, já às voltas com a inabilidade nata de comunicação do presidente. Temer não soube ou não conseguiu explicar que as reformas não serão capazes de convertê-lo em alegria das massas, mas de tornar o ar mais respirável para a economia e a sociedade que serão herdadas por seu sucessor, seja lá quem ele ou ela forem.