* Deputada estadual (PCdoB-RS)
Ser mulher na fábrica, no campo, no escritório, tem diferenças, mas, também, tem muito em comum. Ainda vivemos num cenário de desigualdade salarial, em média, nós mulheres, ganhamos 30% menos do que homens, ocupando as mesmas funções. A cultura da sociedade patriarcal ainda impõe, majoritariamente, sobre as mulheres a responsabilidade pela vida doméstica, os cuidados com a casa e com os filhos, fazendo com que encarem uma dupla jornada de trabalho. As reformas apresentadas pelo governo Temer tendem a agravar essa realidade.
Os trabalhadores estão prestes a perder direitos importantes, conquistados com muita luta. As reformas prejudicam a todos, mas, em especial, penalizam, ainda mais, as mulheres. O aumento da jornada de trabalho e a não proteção às gestantes são exemplos disso.
No Brasil, é comum a demissão das mulheres após voltarem da licença maternidade ou deixarem de ser contratadas por serem mães de crianças pequenas e, até mesmo, por estarem em idade fértil e poderem vir a engravidar.
A simples necessidade de levar o filho ao médico ou deixá-lo na creche coloca em risco o emprego de muitas mulheres. Com a proposta de Temer, as gestantes poderão trabalhar em ambientes insalubres, estarão perpetuando uma desigualdade que vem de berço. Desde o ventre, crianças filhas de mães pobres e mulheres trabalhadoras em maior vulnerabilidade serão expostas ao resultado cruel da exploração.
Com a reforma, aumentará também o tempo de contribuição, de para 15 para 25 anos. Essa alteração afetará, principalmente, as mulheres mais pobres. Isso porque elas têm mais dificuldade em conseguir carteira assinada e também por manterem uma dupla, tripla jornada, além de morarem mais longe do trabalho.
Precisamos construir uma nova cultura em relação às mulheres, mas, para isso, é necessário não perder os direitos já conquistados.