Corrupção, não importa de que tipo nem tamanho, tem que ser combatida com rigor, mas de preferência prevenida com transformações comportamentais e o máximo de transparência. É o caso – entre tantos outros cada vez mais incorporados ao cotidiano – das fraudes em série em concursos públicos de pequenas prefeituras e Câmaras de Vereadores no Estado denunciadas em reportagem do Grupo de Investigações da RBS (GDI). Essa outra face de um mesmo Brasil contaminado pela corrupção em diferentes esferas deve ser combatida com idêntico rigor, pois faz parte de uma mesma cultura de falta de controle e de apropriação do Estado por grupos de interesses escusos.
Nem o país, nem o Estado, nem os municípios conseguirão atender satisfatoriamente às demandas dos contribuintes se não se dispuserem a enfrentar de forma incisiva esse tipo de deformação no setor público. Quando prefeitos e vereadores, eleitos pelas comunidades para representá-las, não hesitam em roubar até mesmo o sonho de tantos jovens nas possibilidades acenadas por uma seleção pública, é porque há algo de muito grave a ser enfrentado com determinação.
No caso específico, o mérito demonstrado no resultado das provas ficava em segundo plano diante de licitações combinadas, critérios políticos de escolha de afilhados e até pagamento por vaga. Chegou ao ponto de, num município, nada menos de 23 dos 26 classificados num processo de seleção terem parentesco ou ligação política com o prefeito e com a vice-prefeita. Inadmissível.
Mesmo na Itália, onde uma grande operação de combate inspirou a Lava-Jato, e em países nórdicos, nos quais a ética é vista como um valor, a corrupção resiste. Ainda assim, essa é uma questão a ser combatida em qualquer lugar e a todo momento pelas instituições e pelos cidadãos. O rechaço permanente à fraude e suas variantes é um dever de todos.