Ao se retirar da base de apoio parlamentar do governo José Ivo Sartori, o PDT segue a vontade da maioria dos integrantes do diretório estadual e se habilita a trabalhar pelo pré-candidato do partido ao Piratini nas eleições do próximo ano. Ainda assim, sair do governo não deve significar, necessariamente, oposição radical a tudo o que o próprio partido vinha apoiando enquanto ocupava secretarias e cargos na administração. O esperável é que os pedetistas continuem votando pelos interesses do Estado ao examinar o conjunto de projetos de reforma em tramitação na Assembleia Legislativa.
Não é de hoje que governos costumam contar com uma ampla maioria na Assembleia no período inicial, o que tende a facilitar a aprovação de projetos prioritários do programa político de quem assumiu o poder. Passada essa fase, porém, e à medida que novas eleições se aproximam, a base tende a ir encolhendo, na maioria das vezes, porque os interesses eleitorais falam mais alto.
A questão, hoje, é que nunca o Estado se viu diante de uma crise financeira tão grave e raras vezes esteve tão próximo de enfrentar os desequilíbrios nas contas públicas nas suas causas reais. E esse desafio deveria pairar acima de divergências de ocasião.
O que está em definição neste momento é o futuro imediato do setor público no Estado, que não será garantido sem providências à altura da crise, muitas delas pouco propícias a quem só se interessa por votos. Essa é uma questão que não interessa apenas aos políticos, a começar pelos pretendentes ao Piratini, mas a toda a sociedade gaúcha.