Nada do que li, ouvi ou vi, até agora, sobre a operação Carne Fraca parece-me justificar o espetáculo midiático que foi instalado. Com base em alegações lastreadas em escassos documentos, colhidos em casos notadamente isolados, estão abalando a imagem de dezenas de empresas, com reflexos em sua valorização de mercado, geração de empregos e exportações.
Não sou ingênuo em achar que o setor de alimentos esteja imune ao desvio ético e moral por parte de algumas pessoas, mas não me parece razoável que toda a carne produzida no país tenha sido alvo de um movimento malévolo e generalizado, que deixou a saúde dos consumidores e a credibilidade das empresas num segundo plano. Além de ser um absurdo exagero, seria negar a história e a filosofia de muitas dessas companhias, os controles internos e externos existentes nas produções de alimentos e, principalmente, as exigências dos mercados importadores e órgãos estatais da cadeia produtiva e comercial.
Virou praxe no Brasil condenar a tudo e a todos com base em acusações superficiais e generalizadas, achar que todo empresário é bandido. Faz-se um escândalo, promove-se uma coletiva de imprensa, acusam-se vários, algemam-se outros. Vende-se muito jornal, faz-se a fama de alguns e a desgraça de muitos. Daqui a alguns anos, se os ora condenados pela imprensa forem absolvidos, talvez saia uma pequena nota no jornal. Talvez. Esse é o Brasil moderno que queremos?
É preciso equilíbrio. A imprensa, a Polícia Federal e o Ministério Público devem agir com isenção de ânimo e responsabilidade, avaliando sempre a força de seus atos e os efeitos de suas acusações. Muita calma para não amaldiçoarem quem, de forma lícita, ajuda a manter o país vivo e ainda acredita e dá duro para se manter por aqui.