Em 2016 o agronegócio era festejado por aquecer a economia, aumentar exportação e positivar a balança no PIB brasileiro.
Conforme a USDA, o Brasil é o segundo maior rebanho (215 milhões de cabeças segundo o IBGE), com 22,5%; segundo maior produtor, com 16,3%; e terceiro maior exportador mundial de carne bovina.
A força da pecuária tem sido essencial à economia brasileira, embora as péssimas estradas, o passivo ambiental e o abigeato.
Porém, a Polícia e o Ministério Público Federais deflagraram pirotecnicamente a Operação Carne Fraca, por fraude na produção de carne, adulteração de produtos processados impróprios ao consumo, e ausência de fiscalização mediante subornos, implicando empresas líderes no mercado.
Os frigoríficos investigados, grandes conglomerados, sustentados em marketing pesado, financiados irregularmente pelo BNDES, criaram monopólio, entravaram a livre concorrência de açougues menores, determinaram preços (aos produtores e consumidores) e passaram a subornar os fiscais, para aumentarem a vantagem, gananciosamente. E assim teriam prosseguido, pois refinanciavam campanhas políticas, agravando a crise institucional e a crescente corrupção!
Não se trata de manter em sigilo, tampouco desmerecer o excelente trabalho investigativo e persecutório realizado pela PF e MPF, a transparência é importante, tanto quanto a consequente punição.
Entretanto, condenável é o sensacionalismo, com prejuízos irremediáveis à pecuária brasileira. A generalização, sem reservas, das ilegalidades cometidas por apenas 33 fiscais agropecuários (em um universo de 11 mil agentes federais), empresários do agronegócio e tão somente 3 frigoríficos interditados, entre 2.800 investigados, em 4.837 unidades no país, representam só 0,5% de todo o setor ganadeiro e gera reflexos nefastos.
Os efeitos já estão sendo percebidos, diversos países barraram comercializações com as empresas envolvidas ou suspenderam toda importação, caiu a Bovespa e o preço da arroba...
É uma irresponsabilidade não perceber que todo o setor carniceiro seria atingido por este escândalo, alvejados em sua segurança e credibilidade. Por pesadas que sejam as penas aos infratores, não irão aplacar o desrespeito à pujança de muitos anos para erradicar a aftosa, conquistar mercados internacionais (cumprindo satisfatoriamente exigências sanitárias, que disfarçam protecionismo estrangeiro), com pesquisas extensas na produção de carne de qualidade, comprometidos pela vanglória inconsequente!