Na Guerra do Peloponeso, Tucídides distingue alegações apresentadas por Atenas e Esparta para iniciar o conflito e analisa suas causas reais. No plano diplomático, descreve a ambição imperial de Atenas e a contrariedade de Esparta, mas o melhor de suas análises está no plano interno de Atenas, quando examina os processos decisórios que levaram esta pólis à dupla catástrofe, guerra e derrota. Neste passo, o historiador age como sociólogo, antropólogo e cientista político, examinando como agem os homens em certas condições e o que podemos aprender para evitar erros no futuro. Admirador de Péricles, Tucídides induz o leitor a crer que foi a morte deste (no segundo ano da guerra que duraria 27 anos, de 431 a 404 a.C.) e o consequente triunfo da demagogia em Atenas a causa da derrocada. Analisa, então, o líder Cléon e sua relação com a massa (demos) na assembleia ateniense (a eclésia); é o primeiro estudo sobre a demagogia, apresentada em caráter negativo, como parte da insensatez que pode ameaçar a democracia. A palavra-chave é manipulação: o demagogo manipulando as massas, estas jogando com a ambição de poder do líder.
Proa
Francisco Marshall: demagogia
"Entre as figuras negativas da demagogia, estão o uso perdulário dos recursos públicos para adular o povo, a apresentação do líder vestido em imaginário heroico e a substituição da ação pela propaganda"