O tom das posses dos novos prefeitos na maioria dos municípios brasileiros, especialmente nas grandes cidades e capitais, foi o mesmo: corte de gastos e contenção de despesas. É muito fácil apontar a crise econômica nacional e a recessão como causas desse fenômeno, mas a verdade é que ele reflete, acima de tudo, a irresponsabilidade na gestão pública. Por décadas, governantes e câmaras legislativas foram relapsos nas suas atribuições, permitindo que o Estado brasileiro, em todos os níveis, inchasse de servidores e benesses que o contribuinte não podia sustentar. O resultado se vê hoje: a União dilapidada e as unidades federativas falidas. No Brasil inteiro, com raras exceções, os governantes municipais assumem sem saber como saldarão seus compromissos e os estaduais pedem socorro ao poder central, muitos endividados e alguns sem sequer pagar em dia os salários dos servidores.
Agora, veem-se obrigados a corrigir a inépcia de seus antecessores. Não apenas dos antecessores recentes, é justo reconhecer, pois o processo de endividamento, de utilização de recursos extras e de transferência de encargos para o futuro já vem se arrastando há décadas. Por isso, depois de anos de gastança descontrolada, torna-se necessário e urgente aplicar o remédio amargo dos cortes de gastos, da extinção de órgãos públicos e da demissão de servidores. Os novos governantes, portanto, estão condenados à austeridade, com todo o desgaste que esta postura acarreta.
E não basta que equilibrem as contas públicas. Tão impositivo quanto colocar a despesa dentro da receita é implantar práticas gerenciais que assegurem a sustentabilidade das administrações futuras, até mesmo porque o Estado não pertence aos políticos que eventualmente exercem a chefia do poder ou ocupam cargos de representação nas assembleias e câmaras legislativas. Pertence aos cidadãos que pagam tributos e àqueles que dependem da contribuição de todos para sobreviver e ter uma vida digna.