Dizem que a guerra está no sangue do gaúcho. Não sei dizer se ela existe em algum gene, mas em nossa história, sim! Costumo dizer que nosso corpo é programado para sobreviver. A homeostase é o esforço que nosso organismo emprega para manter o equilíbrio entre o meio interno e o meio externo. De fato, quando algo nos assusta ou quando nos sentimos ameaçados em alguma situação somos programados, basicamente, para dar duas respostas: luta ou fuga.
A atual realidade política, social e econômica do nosso país e do nosso Rio Grande parece gerar em nós esses sentimentos. Por um lado somos ameaçados e, na mesma medida, ficamos atemorizados pelas incertezas que se estabelecem em relação ao futuro. É ansiogênico permanecer em um Estado onde tudo parece suspenso, onde os direitos parecem gravitar ao redor de uma frágil realidade. A qualquer momento, tudo pode perder-se. Não sei se a gente vai poder fugir disso ou se teremos de lutar contra o que se dá. Talvez precisemos pensar alguns "comos"... como lutar... como fugir...
O fato é que a realidade que nos circunda é, em algum sentido, ameaçadora e exige de nós uma resposta adaptativa, adequada à realidade. Precisamos fazer as perguntas certas, para termos respostas que deem sentido ao que estamos vivendo, algo que nos leve a um estado de serenidade e crescimento, e que nos dê as possibilidades necessárias para manter o equilíbrio tão fundamental à nossa existência: homeostase! Precisamos poder ler o jornal com a expectativa e boas novas e não apenas aquilo que alimenta nossa desesperança.
Não sei que respostas daremos ao Estado que nos atemoriza. "Se ficar o bicho pega e se correr o bicho come", diz o ditado popular. O que também tem se tornado popular são a angústia e a incerteza em relação ao futuro. Se tivermos de lutar, espero que nossa genética nos favoreça "nessa ímpia e injusta guerra". Se formos fugir, espero que nossa consciência não nos assombre amanhã. Minha oração é para que nossas façanhas não sejam pejorativas, e que sirvam sim, de modelo a toda terra.