Nas recentes eleições e nos discursos políticos de sempre, "direito" foi e é uma das palavras mais utilizadas em promessas atraentes e alvissareiras. A estratégia é eficaz, pois nós, eleitores e cidadãos em geral, somos especialmente simpáticos à ideia de receber. Oferecer algo, contudo, é um pouco mais difícil – a não ser que usemos verbas públicas e façamos o "bem" com dinheiro alheio.
Nos novos mandatos legislativos e executivos logo veremos, como sempre, ações visando a reeleições, de modo que governantes e legisladores seguirão prometendo e, de fato, distribuindo privilégios travestidos de direitos, por puro eleitoralismo. Mas há quem o faça dentro de um projeto de poder. Nesse caso, a situação fica ainda mais perigosa. Seguindo a máxima do dividir para conquistar, políticos populistas e demagogos prometem vantagens a determinados grupos (organizados e queixosos) e deixam outros grupos insatisfeitos, para, então, apresentarem-se como arautos da sensatez, dispostos a mediar as tensões, oferecendo colheradas de bondade a gregos e a troianos.
O rol dos supostos direitos prometidos é vasto, em quantidade e irresponsabilidade, pois ignora-se que cada direito traz consigo uma proporcional carga de deveres e entra em conflito com outros direitos. Por exemplo: se estudantes não pagarem passagens no transporte público, como defenderam alguns candidatos, essa conta será paga por todos os demais usuários (trabalhadores, em geral) e pelos empresários que subsidiam vale-transporte. Além disso, a concorrência fugirá do processo e a qualidade do serviço, então monopolizado pelo Estado, tenderá a decair consideravelmente.
Governos não nos dão nada de graça. Tudo que deles recebemos vêm dos tributos que pagamos. Ademais, a atual sanha por privilégios só faz aumentar as tensões sociais, dividindo-nos em raças, gêneros, classes; mas geram dividendos eleitorais e enriquecem pretensos benfeitores. Talvez por isso o Brasil atravesse uma grave crise ética e moral. Quando cada um coloca os direitos de sua preferência à frente do bem comum, o resultado é a guerra de todos contra todos.
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Mateus Colombo Mendes: menos direitos, por favor
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