A bolsa brasileira voltou a operar sem tendência definida nos últimos dias, influenciada tanto por fatores externos quanto internos. No mercado internacional, a preocupação com a saúde financeira do Deutsche Bank e de outros bancos do sistema financeiro europeu provocaram a queda das principais bolsas no mundo. O banco alemão discute com as autoridades americanas um acordo referente à multa por atuação irregular no mercado de títulos hipotecários na época da crise do subprime, em 2008. O mercado chegou a comentar que a multa seria da ordem de US$ 14 bilhões, mas as últimas notícias revelaram que o valor poderia ficar em US$ 5,4 bilhões. Caso o valor da penalidade realmente seja menor, o Deutsche Bank poderia sobreviver sem a ajuda do governo alemão, que já havia se manifestado contra um socorro ao sistema financeiro.
Internamente, o governo vai passar pelo seu primeiro grande desafio com o encaminhamento para votação da proposta de emenda constitucional que estabelece um limite aos gastos públicos – a PEC 241. A ideia é que a proposta seja votada no plenário da Câmara ainda em outubro.A aprovação desta matéria é essencial para que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária – Copom – o Banco Central inicie um ciclo de corte dos juros, que hoje estão em 14,25% a.a. A PEC 241 tem por objetivo evitar que novos desequilíbrios fiscais ocorram. O déficit primário de R$ 170 bilhões deste ano poderia ter sido evitado se o Brasil tivesse uma lei que proibisse gastos acima da arrecadação.
A PEC ainda gera polêmica e um dos argumentos contrários à proposta afirma que, com a aprovação, o governo iria diminuir os recursos para a educação e a saúde. Este argumento é completamente falso, pois a PEC estabelece um teto para o gasto global. O Congresso que irá decidir como os recursos serão alocados. Dessa forma, caso queiram aumentar os recursos para saúde e educação, não terá impeditivo algum. Apenas será necessário reduzir a despesa em outra área para que o gasto total não ultrapasse o teto.
O mês encerra com o Ibovespa subindo 0,8% e a cotação do dólar 0,8%, cotado a R$ 3,25. Já no ano, o Ibovespa acumula alta de 34,6% e o dólar queda de 17,9%. A expectativa de corte nas taxas de juros deverá continuar a impulsionar a bolsa, que sempre antecipa a retomada da economia.