O governo vem trabalhando intensamente na aprovação das medidas de ajuste fiscal que poderão levar ao início do ciclo de corte na taxa Selic. A aprovação da PEC 241, que limita os gastos do governo à inflação, no primeiro turno da Câmara dos Deputados, com uma larga vantagem de votos indica que o governo não terá dificuldade para aprovar a medida na votação do segundo turno na Câmara, prevista para o dia 24. Depois, a emenda segue para aprovação em dois turnos no Senado, onde a sinalização também é positiva para a aprovação.
O Banco Central havia colocado como condicionantes para o início da queda no juro a descompressão dos preços dos alimentos, a desinflação de itens relacionados à atividade econômica e o avanço das medidas fiscais. A inflação medida pelo IPCA chegou a atingir 10,7% em janeiro deste ano, e o último dado mostra inflação de 8,5%, no acumulado em 12 meses. Para o final de 2016, o IPCA esperado é de 7,04% e para 2017 a expectativa é de 5,06%. O câmbio também está ajudando no controle da inflação, uma vez que o real tem apresentado valorização com a redução do risco do país. Na sexta-feira, mais uma notícia favorável à queda da inflação: a Petrobras aprovou a implementação de uma nova política de preços de gasolina e diesel, que terá como regra o preço de paridade internacional (PPI). A política terá revisões mensais, e já foi aprovada a redução do preço na refinaria em 2,7%, no diesel, e 3,2%, na gasolina. Essa deve ser a primeira de outras reduções no preço, uma vez que com o atual patamar de câmbio e preço do petróleo ainda vai existir grande diferença entre o preço no mercado interno e externo.
Todo esse cenário indica que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontecerá amanhã e quarta-feira, o comitê terá condições de iniciar o corte na taxa de juro. As projeções dos economistas estão entre corte de 0,25 ponto e 0,5 ponto na taxa Selic, que hoje está em 14,25% a.a. Para o final de 2017, a taxa Selic poderá estar abaixo dos 10% a.a, segundo projeções feitas por analistas à Agência Estado.
A queda da taxa de juro será um fator determinante para a retomada do crescimento. Enquanto isso, a bolsa segue antecipando a retomada da economia, e o otimismo pode permanecer caso o fluxo de notícias continue favorável. No mês de outubro, o Ibovespa está subindo 5,8% e, no ano, acumulando alta de 42,5%.