O Ibovespa sobe forte em julho, com ganho de 10,6% no mês até a última sexta-feira, acumulando uma valorização de 31,5% em 2016. Após anos de desempenho ruim da bolsa, onde o mercado antecipava o desaquecimento da economia, agora estamos vivendo um momento de recuperação. Estudos mostram que, em geral, o Ibovespa antecipa a retomada da economia em cerca de três meses antes de o PIB atingir o nível mais baixo. A maioria dos economistas aponta que o PIB brasileiro deve atingir o fundo do poço no terceiro trimestre deste ano. Portanto, esse movimento de alta da bolsa pode já ser uma antecipação do mercado à melhora da economia a partir do último trimestre.
Outra correlação que está se mostrando verdadeira é que depois das últimas quatro rupturas políticas o PIB voltou a ter um desempenho forte, assim como a bolsa. Após o golpe militar em 1964, o país viveu o milagre econômico no período de 1968 a 1973, com o PIB subindo acima de 10% e a bolsa vivendo o boom de 1971. Em 1984, com o movimento das Diretas Já e após uma retração de 2,93% em 1983, o PIB apresentou no ano seguinte crescimento de 5,4%, enquanto a bolsa subiu 71,9%. Em 1992, no impeachment do Collor, a economia brasileira teve queda de 0,5%. Já em 1993, o país teve crescimento de 4,7% e a bolsa registrou alta de 115%. Após a eleição de Lula, em 2002, o PIB cresceu apenas 1,2% em 2003, mas o Ibovespa subiu 81% no ano, antecipando o aquecimento da economia, que teve expansão de 5,7% em 2004. Todos os dados de oscilação da bolsa estão ajustados por inflação.
Agora vivemos um momento semelhante. A bolsa passou por períodos de baixos retornos, refletindo os problemas econômicos que começaram a aparecer com mais força no ano passado. Além disso, também estamos diante de uma ruptura política. Na semana em que a Câmara dos Deputados acatou o pedido de impeachment da presidente Dilma, as projeções para o PIB eram de queda de 3,8% em 2016 e expansão de 0,5% em 2017. Hoje, as expectavas apontam para um recuo de 3,2% neste ano e alta de 1,1% em 2017. Alguns economistas projetam alta de 2% para o próximo ano.
Os indicadores de confiança de empresários e consumidores já começaram a apresentar melhora. Caso o governo continue entregando as reformas prometidas, a tendência para o mercado e para economia continuará sendo positiva.