Assistimos nestes tempos tumultuados a irracionalidade avassaladora estrangular o bom senso. Escolas são invadidas por garotos, bloqueando colegas dispostos a frequentar as salas de aprendizado, desassistidos por seus pais, responsáveis legais por seus filhos, sob a inépcia das autoridades. Tanto as autoridades adstritas à educação e ensino, como as jurídicas focadas na infância. A tibieza das autoridades vem de longe, passo a passo, palmilhando a rota descensional da tolerância ao erro e ao crime. O secretário da Educação, ao invés de chamar os rebelados para debaterem pleitos em seu gabinete – o átrio legal de sua autoridade –, vai ao encontro dos invasores, parolar na escola violentada, dilapidada, agredida na postura acovardada de um refém. Consolida assim sua fragilidade perante a lei, ao mesmo tempo que alimenta os jovens na crença do desrespeito à ordem, à disciplina, aos princípios formadores da democracia. Constroem na atmosfera delinquente a inversão tolerada e estimulada dos valores legais e democráticos no rumo catastrófico da falta de limites.
Artigo
Luiz Carlos da Cunha: desordeiros precoces ou autoridades infantis
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