O agravamento da situação do Estado oferece novas provas de que a crise das finanças gaúchas não serão resolvidas com medidas pontuais. Os cortes de gastos realizados foram insuficientes para reduzir o déficit, que chegou a R$ 3 bilhões nos primeiros oito meses da administração de José Ivo Sartori. A contenção de despesas e a redução de investimentos são paliativos que pouco têm ajudado. Enquanto isso, agrava-se um quadro que historicamente desafia os governantes, sem que até hoje as deficiências tenham sido atacadas em suas causas estruturais.
A sociedade gaúcha tem acompanhado os esforços do governador, que incluiu até mesmo um pacote de aumento de impostos, mas sem efeitos imediatos nas contas públicas. A sensação, inclusive entre aliados, é a de que o chefe do Executivo tem demonstrado a melhor das intenções, no sentido de atacar a ineficiência do Estado. Mas, ao mesmo tempo, falta ao governo o poder de convencimento, com medidas práticas, de que atacou como deveria os excessos de gastos, o uso muitas vezes injustificável de recursos financeiros e humanos e outras iniciativas capazes de pelo menos amenizar o desequilíbrio entre receitas e despesas.
O cenário desalentador permite que se faça novamente uma pergunta dirigida a todas as instituições: qual tem sido a colaboração efetiva dos outros poderes, para que se cumpra o desejo de resolver os problemas do Estado? A resposta, até agora, é de que os gaúchos ainda esperam mais de autoridades que poderiam colaborar para a solução da crise, não só com maior contribuição de sacrifícios, mas com ideias e ações em suas áreas de atuação.
É enganoso pensar que propostas de alto desgaste e reduzido impacto contábil, como a redução do teto das Requisições de Pequeno Valor, aprovada ontem pela Assembleia, serão capazes de mudar a realidade do Estado. Decisões como essa, com abalos políticos na reputação do governo, apenas mascaram uma situação e adiam a adoção de providências com efeitos não só de curto prazo.