Decidi seguir a profissão de professora depois que me casei, pois sempre ouvi que ser professora "seria ter um pão debaixo do braço". Além disso, poderia ser valorizada e ter uma profissão. Venho de uma classe baixa, morava na cidade de Montenegro. Me casei e fui morar em Tapes, onde o curso Normal é gratuito.
*Wanda Maria Martins Pereira
Sou professora no município de Tapes, interior do Rio Grande do Sul. Exerço esta profissão da qual tanto orgulho tenho há 35 anos na rede estadual. Tenho 65 anos de idade e estaria há um bom tempo pronta para me aposentar. Sou viúva, tenho dois filhos: um menino com 38 anos, que é advogado e está formado graças à minha profissão, e uma menina de 28 anos, que resolveu seguir meus passos e se dedicar à educação. Destes meus 35 anos de magistério, 30 foram dedicados à alfabetização de crianças que vêm de diversas classes sociais. Simplesmente amo o que faço e acredito que tu não te tornas alfabetizadora, isso já vem predestinado na tua missão, pois, para mim, as duas coisas mais gratificantes da vida foram ter me tornado mãe e ver o brilho nos olhos de uma criança quando consegue ler as primeiras palavras. Este momento é mágico, pois cada aluno tem seu tempo e quando dá o "estalo" parece existir borboletas voando em seu estômago. E a recompensa é única, aqueles olhinhos brilhando de felicidade.
Já fui professora de crianças que hoje têm filhos, netos e todos passaram ou estão passando por mim - e isso é muito emocionante. Durante o período de férias, nos primeiros 15 dias evito ao máximo me aproximar da escola, mas, quando começa a fechar 20 dias, começo a entrar em crise: não aguento mais ficar longe da escola e começo a visitar minhas colegas que não estão de férias. O que me facilita este contato com a instituição de ensino é o fato de morar na esquina do Instituto Estadual de Educação Cel. Patrício Vieira Rodrigues, onde leciono há 28 anos. Meu mundo gira em torno de minha profissão, de meus alunos, de "minha escola". Com 70 anos, terei que me aposentar compulsoriamente e já estou começando a "entrar em pânico", pois acredito que não sei fazer outra coisa senão lecionar. Não costumo reclamar do meu trabalho. Para mim, tudo sempre está bom. Como minhas colegas costumam falar, "sou pau para toda obra". Nestes 35 anos dedicados à educação, sempre que acordo no dia 15 de outubro agradeço por estar com força e passar mais um ano firme e forte na ativa.
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