"Entre todas as profissões, pode não ser a de maior prestígio, a mais rentável, mas é, indiscutivelmente, a missão de valor mais belo. Se alguém me perguntasse hoje o que, na infância, eu queria ser quando crescesse, eu estufaria o peito e diria: 'Eu queria ser professor!'." O relato do professor Geovane Belo, na Revista Literatura, nos dá uma esperança de que ainda há pessoas querendo ser professor. Todavia, em nossas escolas, a situação anda um pouco diferente. Será que esse descaso com o professor não se reflete na escolha dos alunos em seguir essa profissão?
Foi feito um questionário em uma escola estadual na cidade de Rio Grande/RS com 13 alunos do primeiro ano do ensino politécnico (antigo ensino médio) e duas das perguntas feitas foram: "Como é, na tua opinião, um bom professor?" e "Que profissão gostarias de escolher? Por quê?". Dos 13 alunos, nenhum respondeu a profissão professor e, inclusive, um deles respondeu com a frase que dá título a este artigo. Muitos responderam que queriam ser engenheiros, enfermeiros, psicólogos, advogados, entre outras profissões. Mas as respostas à primeira pergunta mencionada são as que mais assustam: "Um bom professor é aquele que não vem dar aula", "Seria um ótimo professor aquele que sentasse e não passasse nada".
Um aluno escreveu na segunda pergunta assim: "Gostaria de ser médico para poder ajudar as pessoas". Ao ler essa resposta, me deparei com a seguinte questão: "Por que um médico é considerado um ajudador e o professor não?". Se um médico salva uma vida, foi graças a um professor que lhe ensinou e lhe orientou. Se um engenheiro realiza um projeto de prestígio, foi graças a um professor. Poderia mencionar outras tantas profissões, porém, se pararmos para pensar, não há profissão alguma que não tenha por trás os ensinamentos de um professor.
Mas quem quer estudar tanto para ganhar uma miséria, não ser reconhecido no mercado de trabalho e tampouco pelo governo, quem quer trabalhar horas em uma escola e ainda chegar em casa preparar aulas para mais de cem alunos? Pelo visto, quase ninguém. Nenhum dos alunos entrevistados quer. Ser professor virou última opção. O famoso "se nada der certo".
Se continuar assim, não haverá mais profissões. Será que alguém já parou para pensar nisso? Um mundo sem educadores. Mas como tudo, sempre há um lado bom e o lado bom de não existir mais a profissão professor tem suas vantagens. Não haverá mais aquela pessoa "chata" que dirá "estudem", "construam opiniões", "leiam". Imagina que ótimo seria se não existisse um professor que ajudasse a construir uma sociedade pensante e opinante.
E uma última pergunta para refletir: "Para que pagar um salário justo para aquele que faz meus eleitores pensarem antes de votarem em mim?"
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