Colegas, é quase um truísmo falar das dificuldades de nossa profissão. Em primeiro lugar, lidamos diariamente com algumas derrotas. Sabemos que o tempo é curto e somos premidos por um conteúdo quase inexequível em relação à carga-horária de que dispomos. Ademais, as condições estruturais nem sempre são as mais adequadas e a remuneração não faz justiça ao tempo destinado à preparação de aulas, verificação de materiais de alunos, orientações fora do ambiente de trabalho etc.
Paradoxalmente, vivemos em um contexto onde o discurso é de valorização da educação. Porém, a visão sobre o professor ainda é muito difusa. Para alguns, somos substitutos ideais dos pais e as instituições de ensino seriam uma extensão de casa, onde quase tudo é permitido. Para outros, somos a representação maligna de doutrinadores de teorias sociais críticas que manipulam os inadvertidos estudantes, títeres em nossas mãos. Há, ainda, os que desconsideram nossas turmas de 50 alunos e a realidade de 200 trabalhos semanais para verificação e nos chamam de vadios.
Poucos são os que se propõem a discutir concepções de políticas educacionais sérias e suas relações com processos de avaliação. Poucos se dispõem a examinar por que mais de 5 milhões de jovens, entre 15 e 19 anos, abandonam os estudos. Poucos perguntam: por que os estudantes não gostam de estudar?
Por tudo isso, ser professor e professora ainda é para os fortes, como dizem os alunos. Mas, ser professor e professora pode ser um exercício de imortalidade, como escreveu Rubem Alves, pois permanecemos na memória daqueles que ensinamos. É impossível não lembrarmos de professores(as) que marcaram nossas vidas.
A despeito das dificuldades, a condição de professor talvez nos una na convicção de que vale a pena acreditar em uma sociedade melhor e mais justa, fundamentada no respeito à alteridade e diversidade de opiniões e, sobretudo, na crença na educação, na identidade e na cultura do povo brasileiro.
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