
Novas tarifas dos Estados Unidos sobre quase 60 países, incluindo 104% sobre a China, entram em vigor nesta quarta-feira (9). As taxas afetam também os 27 membros da União Europeia — com 20% de cobrança.
Para a China, principal rival econômico dos Estados Unidos, a Casa Branca anunciou novas tarifas que, somadas às já existentes, totalizam 104%. O gigante asiático disse que lutará "até o fim".
— Continuaremos a tomar medidas firmes e decisivas para proteger nossos direitos e interesses legítimos — reiterou novamente o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, nesta quarta-feira.
Ao mesmo tempo, Pequim não descartou negociar com os Estados Unidos "por meio de diálogo em pé de igualdade e cooperação mutuamente benéfica", de acordo com um documento oficial publicado pela imprensa chinesa.
Bolsas
As bolsas de valores europeias abriram em queda nesta quarta-feira (9) em razão da imposição de tarifas dos Estados Unidos a mais de 60 países.
Já na Ásia, mercado de ações na China e em Hong Kong fecharam em alta, enquanto Japão e Coreia do Sul registram baixas.
No início do pregão na Europa, a bolsa de valores de Paris perdeu 2,84%, a de Frankfurt 2,37%, a de Londres 2,31%, a de Madri 2,79% e a de Milão 2,78%.
Por volta das 8h30min (horário de Brasília), a queda se acentuou após a retaliação chinesa — que anunciou taxa de 84% sobre produtos dos EUA.
A Suíça foi quem teve a maior baixa, com 5,03%. Em seguida vem a França, com -3,46%; a Holanda, com -3,45%; a Alemanha, com -3,35%; Itália, com -3,34%; Reino Unido, com -3,19%; e a Espanha, com -3,05%.
As bolsas da China e de Hong Kong, porém, fecharam em alta: 2,21% e 0,74%, respectivamente.
Outros países da Ásia fecharam em baixa. O índice Nikkei, do Japão, teve queda de 3,93%, enquanto o iene, moeda japonesa considerada porto seguro, subiu 0,7% em relação ao dólar. Mercados como Taipei, de Taiwan, caiu 5,8% e o Kospi, da Coreia do Sul, 1,97%.
Acordos personalizados
Diante do pânico, Washington diz estar aberto a negociações, e Trump afirmou sua disposição de fechar acordos "sob medida" com os países aos quais impôs tarifas.
Durante um jantar com representantes republicanos, o presidente comemorou o fato de que dezenas de países — incluindo a China, disse ele — "estão fazendo tudo o que podem" para buscar um acordo.
— Eles estão me bajulando — ele disse.
Na Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu para "evitar a escalada" durante uma entrevista por telefone com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
De acordo com um porta-voz europeu, o bloco pode apresentar sua resposta "no início da próxima semana".
A UE está considerando impor tarifas de 25% sobre uma série de produtos dos Estados Unidos. No entanto, decidiu excluir o bourbon para evitar retaliações contra vinhos e destilados europeus, de acordo com uma lista analisada pela AFP.
— O objetivo é chegar a uma situação em que o presidente Trump reverta sua decisão — disse o presidente francês Emmanuel Macron na terça-feira (8).
Analistas e economistas temem que a guerra comercial desencadeada por Trump prejudique a economia global, com riscos de inflação, desemprego e queda no crescimento.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse estar "particularmente preocupado com os países em desenvolvimento mais vulneráveis, cujos impactos serão mais devastadores".