
O russo Konstantin Rudnev, preso na última sexta-feira (28) no Aeroporto Internacional de Bariloche, na Argentina, é apontado como líder de uma seita, Ashram Shambala, investigada por ligação com tráfico internacional de pessoas. O homem que estaria tentando estabelecer célula da organização no país, tinha viagem marcada Buenos Aires e depois, pretendia seguir para Porto Alegre e São Paulo. As informações são de O Globo e La Nacion.
O homem já foi condenado a 11 anos de prisão na Sibéria por estupro de seguidoras e agora, mais de uma década após sua condenação na Rússia, Rudnev reaparece na Argentina em um novo caso: ele estaria tentando estabelecer uma célula da seita no país, oferecendo supostos cursos de ioga.
Na noite de sexta-feira, Rudnev foi detido ao tentar embarcar com sete mulheres em um voo rumo a Buenos Aires e, posteriormente, Porto Alegre, por onde pretendia seguir até São Paulo. Ao perceber que seria preso, ele teria tentado cortar o próprio pescoço com uma lâmina, mas foi impedido pelos agentes da Polícia Federal Argentina.
Rede de tráfico humano

A investigação teve início quando uma jovem russa grávida procurou atendimento médico no Hospital Ramón Carrillo em Bariloche. Durante o processo, suas acompanhantes demonstraram comportamento suspeito, o que levou a equipe médica a notificar as autoridades.
A partir disso, foi descoberto que a mulher estava sendo usada como parte de uma rede de tráfico humano que trazia mulheres do leste europeu para fins de exploração sexual. Mais tarde, várias outras pessoas ligadas à seita e ao esquema de tráfico foram presas, incluindo mulheres que tentavam acompanhar o parto da jovem grávida.
A operação policial que o prendeu foi conduzida pela Polícia Federal Argentina (PFA) e a Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA) e resultou na detenção de 14 suspeitos, incluindo russos e cidadãos de outros países, além de vários registros de tráfico de substâncias ilícitas.
A seita Ashram Shambala
Fundador da seita Ashram Shambala, criada no fim dos anos 1980 em Novosibirsk, na Rússia, ele reunia milhares de adeptos com promessas de “iluminação espiritual”, alegando ser um alienígena da estrela Sirius, com poderes místicos. Se autodenominava o “Grande Xamã Shri Dzhnan Avatar Muni”.
A seita chegou a reunir cerca de 20 mil seguidores fanáticos, com filiais espalhadas por países da antiga União Soviética. Rudnev misturava ioga, esoterismo e controle psicológico. Em vídeos vazados, seguidores aparecem dançando nus ao seu redor. Segundo o relato de um dos principais investigadores do caso ao portal argentino Infobae, “todas as mulheres eram muito magras: comiam sobras, de acordo com as ordens do líder”.
Em 2013, Rudnev já havia sido condenado na Rússia por estupro de seguidoras da seita, sendo preso por 11 anos, mas sua atuação no mundo esotérico e suas práticas de manipulação continuaram a ser documentadas.