
Bolsas de valores da Ásia e da Europa desabaram nesta segunda-feira (7) devido ao temor de uma guerra comercial que provoque uma recessão em larga escala, desencadeada pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos contra seus parceiros comerciais.
O índice mais alarmante foi em Hong Kong, que registrou queda de 13,22% em seus indicadores — o pior resultado em uma sessão desde 1997, durante a crise financeira asiática. Também foram afetadas as bolsas de:
- Tóquio, no Japão, com queda de 7,8%
- Seul, na Coreia do Sul, com redução de 5,6%
- Sydney, na Austrália, que registrou queda de 4,2%
Na Europa, os principais índices abriram a segunda-feira em queda livre, seguindo a tendência dos mercados asiáticos.
- Frankfurt, na Alemanha, cedia 7,86% depois de registrar perdas de mais de 10% durante alguns minutos
- Paris abriu em queda de 6,19%
- Londres recuava 5,83%
- Madri recuava 3,6%
- Milão recuava 2,32%
Pacote tarifário dos Estados Unidos
Donald Trump desencadeou uma tempestade nos mercados comerciais na semana passada, com o anúncio de série de tarifas sobre países de todo o mundo. O pacote incluiu alguns de seus principais parceiros comerciais, como China e União Europeia.
Trump acusa estes países de saque e, em consequência, decidiu impor tarifa universal de 10% a todos os produtos importados pelos Estados Unidos.
A partir de quarta-feira (9) devem entrar em vigor tarifas para os principais parceiros comerciais de Washington, incluindo a União Europeia (20%) e China (34%).
Retaliações
Na sexta-feira (4), após o fechamento dos mercados asiáticos, Pequim anunciou, em retaliação, tarifas de 34% para todos os produtos americanos a partir de 10 de abril.
O país também impôs controles de exportação para sete minerais raros, incluindo o gadolínio, que é utilizado em ressonâncias magnéticas, e o ítrio, utilizado em produtos eletrônicos.
O vice-ministro do Comércio chinês, Ling Ji, afirmou durante uma reunião no domingo com representantes de empresas dos Estados Unidos que as tarifas chinesas "protegem firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas, incluindo as americanas".
As contramedidas também procuram "recolocar os Estados Unidos no caminho certo do sistema comercial multilateral", insistiu aos participantes, que incluíam representantes da Tesla, GE Healthcare e Medtronic.
— A raiz do problema das tarifas está nos Estados Unidos. A China foi, é e continuará sendo um lugar ideal, seguro e promissor para os investidores estrangeiros — disse Ling.
O ministro fez um apelo às empresas para que "adotem medidas pragmáticas para manter conjuntamente a estabilidade das cadeias de suprimento mundiais e promover a cooperação mútua e os resultados benéficos para todos".
Sem acordos e efeitos em todos os setores
As esperanças de que Trump reconsidere sua política acabaram no domingo, quando ele afirmou que não chegará a um acordo a menos que, primeiro, sejam resolvidos os déficits comerciais.
— Às vezes você tem de tomar um remédio para consertar algo — disse a bordo do Air Force One.
Nos mercados asiáticos, todos os valores foram afetados, das empresas de tecnologia até os automóveis, passando pelos bancos, cassinos ou empresas de energia. Entre os principais perdedores estão as grandes empresas de tecnologia chinesas como Alibaba, que perdeu mais de 17%, e sua rival JD.com (14%).
— Poderíamos ver muito rapidamente uma recessão nos Estados Unidos e poderia durar aproximadamente um ano, bastante prolongada — aponta Steve Cochrane, economista chefe para Ásia e Pacífico da Moody's Analytics.
Além disso, a preocupação com a demanda fez o petróleo registrar queda de mais de 3% nesta segunda-feira. O cobre, um componente vital para armazenamento de energia, veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas, também ampliou as perdas.
A previsão para o Dow Jones e o S&P 500 nos Estados Unidos também aponta grandes perdas, como as registradas na sexta-feira passada.
— Até agora, a equipe de Trump não está recuando. (...) Está claro que Washington está utilizando as dificuldades do mercado como alavanca para negociar, e não como um sinal que os incentive a mudar de rumo — disse Stephen Innes, da SPI Asset Management.