A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou nesta sexta-feira (14) a possibilidade de que os Estados Unidos atuem militarmente contra os cartéis do narcotráfico em território mexicano.
Essa opção foi mencionada por Ronald Johnson, indicado pelo presidente Donald Trump para o cargo de embaixador no México, durante uma audiência no Congresso dos EUA na quinta-feira para sua ratificação.
"Não estamos de acordo. Ele disse: 'Tudo está sobre a mesa'. Pois não, isso não está sobre a mesa, nem sobre a cadeira, nem sobre o chão, nem sobre nenhum lugar", declarou a presidente esquerdista em sua habitual coletiva de imprensa.
Durante a audiência no Senado, o congressista Chris Coons perguntou a Johnson sua opinião sobre a pertinência de ações militares contra os cartéis em território mexicano sem o conhecimento ou consentimento do governo do México.
"Sei que o presidente Trump leva muito a sério sua responsabilidade de proteger a vida dos cidadãos norte-americanos e, se houvesse um caso em que essas vidas estivessem em risco, acredito que todas as opções estariam sobre a mesa", respondeu o indicado.
No entanto, ele esclareceu: "Nosso primeiro desejo seria que isso fosse feito em colaboração com nossos parceiros mexicanos".
As declarações de Johnson ocorrem três semanas após o governo Trump ter designado como terroristas oito grupos criminosos latino-americanos, seis deles mexicanos, acusando-os de introduzir fentanil nos Estados Unidos.
Na ocasião, Sheinbaum alertou que, embora fosse uma decisão autônoma de Washington, isso não deveria servir como uma "oportunidade (...) para invadir" a "soberania" mexicana.
Nesta sexta-feira, a presidente afirmou que há "muito boa coordenação" entre México e Estados Unidos, que compartilham uma fronteira de 3.100 km, baseada na "confiança mútua" e no respeito à soberania de cada nação.
Ela acrescentou que, se Johnson for ratificado pelo Senado, "haverá uma boa relação", mas enfatizou que "o México deve ser respeitado".
Na última terça-feira, o Congresso mexicano aprovou uma reforma que pune com prisão ações intervencionistas de agentes estrangeiros.
Em seu discurso da semana passada no Congresso dos EUA, Trump afirmou que havia chegado a hora de "os Estados Unidos travarem uma guerra contra os cartéis" e denunciou que o lado mexicano da fronteira "está totalmente dominado" por grupos criminosos.
* AFP