Os acordos anunciados pelos Estados Unidos sobre uma trégua no Mar Negro entre Ucrânia e Rússia só entrarão em vigor quando as restrições ocidentais ao comércio de grãos e fertilizantes russos forem suspensas, alertou a Rússia nesta terça-feira (25).
Moscou e Washington chegaram a um acordo sobre "a garantia de segurança da navegação do Mar Negro, o não uso da força e a prevenção do uso de navios comerciais com fins militares", segundo um comunicado emitido pelo Kremlin, um dia depois dos diálogos russo-americanos na Arábia Saudita.
A presidência russa afirmou que os Estados Unidos vão "contribuir" para "restabelecer o acesso das exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes ao mercado mundial, a reduzir o custo dos seguros marítimos".
No entanto, o Kremlin ressaltou que esses acordos, anunciados inicialmente pela Casa Branca, entrarão em vigor apenas "depois" que forem levantadas as numerosas sanções, em particular as impostas ao seu grande banco agrícola Rosselkhozbank, a alguns "produtores e exportadores de alimentos (...) e fertilizantes", bem como aquelas direcionadas às "empresas que asseguram os carregamentos".
Moscou também indicou que havia exigido o fim das restrições "às transações de financiamento do comércio" e "aos serviços portuários e sanções contra os navios de bandeira russa envolvidos no comércio de produtos alimentícios (...) e fertilizantes".
A Rússia e os EUA também "acordaram elaborar medidas" para permitir a aplicação de uma trégua de 30 dias que ponha fim aos bombardeios contra infraestruturas energéticas na Rússia e na Ucrânia, segundo o Kremlin.
Os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump já haviam anunciado essa moratória na semana passada, mas ela nunca chegou a ser aplicada, uma vez que Kiev e Moscou se acusam mutuamente de continuar com os ataques.
Nesse contexto, a Rússia e os Estados Unidos "saúdam" os esforços de "terceiros países" para apoiar os acordos sobre a Ucrânia, indicou o Kremlin, embora os europeus, que temem ser marginalizados, permaneçam por enquanto à margem das discussões sobre a resolução do conflito.
* AFP