Após uma votação acirrada, a presidência do Equador será decidida no segundo turno, marcado para o dia 13 de abril. A pequena diferença entre Daniel Noboa e Luisa Gonzáles indica uma disputa apertada na próxima etapa. Outros 14 nomes participaram da eleição, mas não conseguiram números suficientes para avançar.
Pouco mais de um ano depois de uma das eleições mais violentas no mundo nos últimos tempos, o Equador voltou às urnas para eleger um novo mandato presidencial. Não foram registrados incidentes violentos.
Com cerca de 91% dos votos válidos computados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a candidata de oposição Luisa González conseguiu estabelecer uma diferença menor que um ponto percentual do atual presidente, Daniel Noboa.
No momento, a líder de esquerda tem 43,8% dos votos apurados, enquanto Noboa chega aos 44,3%, segundo O Globo. Segundo o CNE, o pleito ocorreu com normalidade e com uma participação de 83,4% dos eleitores.
Conheça os candidatos à presidência do Equador
Daniel Noboa
![Marvin RECINOS / AFP Marvin RECINOS / AFP](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/2/3/5/0/4/1/5_d9ba7271b482b29/5140532_c88506bed0375a1.jpg?w=700)
Com 37 anos, o atual presidente chegou ao poder no Equador em novembro de 2023 como um dos dirigentes mais jovens do mundo, com o compromisso de redobrar suas apostas para enfrentar um tráfico de drogas encorajado.
Em janeiro do ano passado, Noboa enfrentou a primeira crise do governo. Grupos de criminosos e narcotraficantes protagonizaram motins carcerários, retenção de mais de cem membros da força pública pelos presos, fuga da prisão de dois chefões do crime, ataques a jornalistas, explosões e diversas mortes.
O político evita o espetáculo nos palanques, coletivas de imprensa e entrevistas, mas distribui abraços e selfies em sua passagem. Ele se define de centro-esquerda, embora seja apoiado por forças de direita.
Durante a primeira campanha, obteve apoio apresentando discurso de pulso firme contra o narcotráfico, após o assassinato a tiros do presidenciável Fernando Villavicencio. Dias depois, denunciou ameaças.
Filho de Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador, o presidente é herdeiro de sua fortuna e capital político. Seu triunfo foi um revés para o condenado e exilado ex-presidente Rafael Correa, padrinho político de Luisa González, sua rival no segundo turno.
Luisa González
![Galo Paguay / AFP Galo Paguay / AFP](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/7/2/5/0/4/1/5_635312faf7b782d/5140527_1362e2eb29a04e9.jpg?w=700)
Mesmo já sendo veterana na política equatoriana, o resultado de Luisa nas eleições deste domingo surpreendeu as tendências apuradas nas últimas pesquisas, que indicavam uma margem mais larga entre os votos dos dois candidatos.
A advogada de 47 anos é apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa (2007 – 2017), que, atualmente vive na Bélgica, onde recebeu asilo político após a condenação de suborno no Equador. Ela lidera o movimento Revolução Cidadã e possui uma base evangélica.
Correa é acusado por adversários de ter mantido alianças com as máfias que controlam o crime no país, protagonistas de um dos períodos mais violentos da região. O envolvimento do ex-presidente em um possível mandato de Luisa é alvo de críticas por outros candidatos, segundo O Globo.
Ela também foi deputada antes de perder a última eleição.
Violência em 2023
O atual presidente foi eleito em outubro de 2023, em eleições antecipadas convocadas pelo ex-presidente Guillermo Lasso, em meio a um processo de impeachment.
O pleito convocado por Lasso, no entanto, tinha o intuito de completar o seu tempo de mandato até a data original das eleições seguintes, que ocorreram neste domingo.
Contudo, as eleições temporárias acabaram se tornando um dos processos eleitorais mais violentos dos últimos anos no planeta, diante da ameaça de cartéis de droga que disputam o lucrativo controle do narcotráfico do país aos candidatos.
Mesmo com poucos registros de episódios violentos nesta campanha — e sem registros de mortes, o combate à criminalidade segue sendo o principal desafio de quem assumir o novo mandato presidencial.