
O presidente do Equador, Daniel Noboa, denunciou, nesta terça-feira (11), "irregularidades" na apuração dos votos do primeiro turno da eleição presidencial do Equador e garante ter "provas" de uma possível fraude que impediu sua vitória com "um número maior".
"Houve muitas irregularidades e continuávamos contando. Seguíamos revisando em certas províncias que havia coisas que não batiam ou, inclusive, não batiam com a contagem rápida da OEA, que nos colocava com um número maior, o trabalho ainda não está terminado", disse o presidente, de 37 anos, em uma entrevista à Rádio Centro de Guayaquil.
Noboa explicou desta maneira o motivo de não ter celebrado nem discursado ao final do dia de eleição, no domingo, quando os resultados já indicavam um empate técnico com a candidata de esquerda Luisa González.
"Temos provas e isso. A partir daí, também fizemos contestações (...) Isso existe", insistiu.
Perto de encerrar a eleição, o presidente (44,15%) está ligeiramente à frente de González (43,95%), herdeira política do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017). Durante a campanha, ele disse que venceria em um único turno.
Para ganhar a presidência no primeiro turno, é preciso ter mais de 50% dos votos ou 40% e uma diferença de 10 pontos em relação ao concorrente mais próximo.
Os resultados "foram surpreendentes", Noboa e González "estavam lado a lado" durante o processo de contagem, disse Ronald Armas, de 19 anos, à AFP em Quito.
- Voto sob "ameaças" -
Ambos os candidatos haviam antecipado, durante a campanha, as suas suspeitas sobre uma possível fraude nas eleições.
"Veremos o número final nestes dias. Há muitos desafios (...) Há dezenas e dezenas de casos em que as pessoas foram ameaçadas para votar na Revolução Cidadã", o partido de González, continuou o presidente.
"Até mesmo eleitores receberam ameaças de grupos armados para votar na candidata que os representa", afirmou.
Os equatorianos chegaram a esta eleição assolados por uma crise econômica e presos no fogo cruzado do grupos criminosos que disputam o controle da cocaína.
No segundo turno de 13 de abril, os candidatos reeditarão o duelo das eleições atípicas de 2023, quando Noboa se tornou um dos presidentes mais jovens do mundo.
É uma "grande vitória, vencemos (...) estamos quase em um empate técnico", comemorou González com seus apoiadores em Quito na noite de domingo.
Na segunda-feira o chefe de Estado quebrou o silêncio com um comunicado curto.
"Ganhamos o primeiro turno contra todos os partidos do Velho Equador", afirmou.
A população lamenta os danos provocados por um Estado endividado, com uma taxa de pobreza de 28% e concentrado em financiar a cara guerra contra o narcotráfico. Em 2023, o país registrou o recorde de 47 homicídios para cada 100.000 habitantes, mas após 14 meses de governo de Noboa o número caiu para 38, segundo informações oficiais.
* AFP