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O governo dos Estados Unidos anunciou na quarta-feira (5) que seus navios não precisarão pagar para transitar pelo Canal do Panamá, rota hidroviária da qual Donald Trump ambiciona assumir o controle e que alega ser controlada pela China. A informação foi desmentida por autoridades locais.
"O governo do Panamá concordou em não cobrar mais tarifas dos navios do governo dos Estados Unidos para transitar pelo Canal do Panamá", afirmou o Departamento de Estado norte-americano no X (antigo Twitter), alegando que a medida representará uma "economia" de "bilhões de dólares por ano".
A Autoridade do Canal do Panamá (ACP), um órgão independente do governo criado para administrar esta via estratégica, desmentiu rapidamente o anúncio norte-americano.
"A Autoridade do Canal do Panamá, facultada para estabelecer os pedágios e outros direitos de trânsito pelo canal, comunica que não fez nenhum ajuste aos mesmos", afirmou a entidade autônoma que administra a via interoceânica.
A ACP acrescentou em sua nota que está "à disposição para estabelecer um diálogo com os funcionários pertinentes dos Estados Unidos sobre o trânsito de navios de guerra daquele país".
Entenda a polêmica
A polêmica acontece alguns dias após a visita ao Panamá do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que disse que o país da América Central havia oferecido várias concessões. Rubio afirmou ao governo panamenho que não era justo para o governo dos Estados Unidos estar em uma posição de "defender" o canal e, além disso, ter de pagar pelo seu uso.
Desde que venceu as eleições presidenciais em novembro do ano passado, Trump não descarta o uso da força para retomar o controle do canal, pelo qual passa 40% do tráfego de contêineres dos Estados Unidos.
O magnata republicano e Rubio reclamaram da "influência" da China na rota marítima, em particular pelo fato de uma empresa de Hong Kong operar dois portos nas entradas do canal, e advertiram que Pequim poderia fechar a via para os Estados Unidos em caso de crise.
Interferência chinesa?
O Panamá nega que a China exerça qualquer interferência na rota e adotou medidas para responder às preocupações dos Estados Unidos.
O presidente José Raúl Mulino, após a reunião com Rubio, disse que o Panamá não renovará sua participação na iniciativa Cinturão e Rota, o programa de construção de infraestrutura de Pequim.
O país centro-americano aderiu em 17 de novembro de 2017 ao programa lançado quatro anos antes pelo governo de Xi Jinping. A iniciativa recebeu a adesão de mais de cem países.
Rubio disse aos jornalistas na segunda-feira (3) que suas conversas com Mulino foram "respeitosas" e que a visita resultaria em "coisas potencialmente boas".
O secretário de Estado afirma que o presidente panamenho ouviu as preocupações sobre as taxas impostas aos navios militares americanos, que Trump considera injustas. O presidente Donald Trump disse que ainda "não está contente", mas reconheceu que o Panamá "acatou certas coisas".
Os dois países devem ter novas conversações na sexta-feira (7) para discutir a questão do canal interoceânico construído pelos Estados Unidos, inaugurado em 1914 e entregue aos panamenhos em 1999 após a assinatura de tratados bilaterais.