Os atos antissemitas na França, que abriga a maior comunidade judaica da Europa, mantiveram-se em um nível histórico em 2024, lamentou nesta quarta-feira (22) o Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif), destacando que a temática palestina serviu como "catalisador".
No ano passado, foram registrados 1.570 atos antissemitas, contra 1.676 em 2023, segundo um relatório do Crif que reúne dados do Serviço de Proteção da Comunidade Judaica e do Ministério do Interior.
Esses números representam uma queda de 6,3% em um ano, mas 2023 tinha registrado níveis recordes, com uma "explosão" após o 7 de outubro de 2023, data do ataque do Hamas que resultou na morte de 1.210 pessoas no lado israelense, a maioria civis.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva devastadora na Faixa de Gaza, que deixou pelo menos 47.107 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
"Esses números devem ser entendidos como um sinal de alarme", disse à AFP o presidente do Crif, Yonathan Arfi.
"O 7 de Outubro foi o catalisador de um antissemitismo desinibido", que se expressa em "todos os setores da sociedade: a esfera privada, os lugares públicos, o ódio on-line... incluindo a instituição escolar", disse.
Para comparação, 436 atos antissemitas foram registrados em 2022 na França, onde desde 2012 os números oscilaram entre 311 e 851 por ano.
Esses números cobrem apenas os atos que deram origem a uma denúncia e "não refletem todo o fenômeno", esclareceu Arfi.
A França tem a maior comunidade judaica da Europa, com cerca de 500 mil pessoas, de um total de 68 milhões de habitantes.
* AFP