O presidente argentino, Javier Milei, afirmou nesta quarta-feira (22) que está disposto a retirar a Argentina do Mercosul, bloco comercial que reúne cinco países sul-americanos, caso isso seja necessário para concluir um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
— Se a condição extrema fosse essa, sim — respondeu o chefe de Estado quando questionado sobre o assunto.
As declarações de Milei ocorreram durante um evento organizado pela agência Bloomberg, à margem do Fórum Econômico Mundial, realizado esta semana na cidade suíça de Davos.
O líder ultraliberal argentino já havia manifestado a intenção de firmar um tratado de livre comércio com Washington quando Trump assumisse a presidência dos Estados Unidos.
Ele não esclareceu se pretende negociar esse acordo de forma independente ou em conjunto com os parceiros do Mercosul, que teoricamente proíbe negociações bilaterais sem o consentimento dos outros membros do bloco.
As discussões entre o Uruguai e a China em 2022 geraram oposição dos demais membros do Mercosul.
— Digamos que há mecanismos pelos quais é possível fazer isso permanecendo dentro do Mercosul. Portanto, acreditamos que é possível alcançar esse objetivo sem ter que abandonar o que já se tem no âmbito do Mercosul — acrescentou.
O presidente argentino garantiu que está trabalhando com os países do bloco "para que isso não seja um impedimento para avançar em direção ao livre comércio".
O Mercosul
O Mercosul foi criado em 1991 e inclui Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, a Bolívia. A Venezuela foi suspensa em 2016.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou em dezembro a conclusão das negociações para um acordo entre a União Europeia e o bloco sul-americano, que ainda precisa ser ratificado.
No entanto, diversos países, não estão satisfeitos com o acordo. Um deles é a França, que busca reunir outros países europeus para bloquear sua ratificação.