Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, conversaram por telefone neste sábado (12) sobre o envio de forças russas na fronteira da Ucrânia. A conversa terminou às 17h06 GMT (14h06min, no horário de Brasília) e, segundo a Casa Branca, durou pouco mais de uma hora. No diálogo, Biden reiterou ao presidente russo que os EUA e seu aliados irão responder "decisivamente" e impor custos "rápidos e severos" à Rússia, caso esta invada a Ucrânia.
"O presidente Biden reiterou que uma invasão russa na Ucrânia iria levar a sofrimento humano generalizado e diminuiria a posição da Rússia", afirmou a Casa Branca em comunicado.
Biden teria sido claro com Putin de que, assim como os EUA seguem preparados para um caminho diplomático, em coordenação com seus aliados e parceiros, estão "igualmente preparados para outros cenários". Na conta oficial em rede social, a Casa Branca disse que Biden teria incitado Putin a escolher o caminho de desescalada militar e diplomacia, em vez das sanções.
Neste sábado, os dois países começaram a reduzir sua presença diplomática na Ucrânia, e líderes de diversas nações ocidentais recomendaram que seus cidadãos deixem o território ucraniano. Em comunicado, o governo ucraniano pediu aos cidadãos do país que fiquem calmos e unidos, dizendo que as Forças Armadas estão prontas para repelir qualquer ataque. "Agora é fundamental permanecer calmo e unido dentro do país e evitar ações que prejudiquem a estabilidade e semeiem pânico", disse o Ministério das Relações Exteriores.
Telefonema
Segundo a Associated Press, Biden planejou mais uma vez pedir a Putin para retirar os mais de 100 mil soldados russos que se reuniram perto das fronteiras ucranianas. De acordo com uma autoridade americana, que preferiu manter condição de anonimato à agência de notícias, o serviço de inteligência dos EUA considera que a Rússia estuda a próxima quarta-feira (16) como uma data-alvo para invasão.
Putin critica "especulações" sobre invasão
Antes de conversar com Biden, o presidente russo, Vladimir Putin, classificou como "especulações provocativas" as acusações de que a Rússia está preparando uma invasão da Ucrânia. A fala ocorreu durante uma conversa com o presidente francês, Emmanuel Macron.
"Vladimir Putin e Emmanuel Macron discutiram especulações provocativas relacionadas com uma suposta 'invasão' russa da Ucrânia, que é acompanhada de entregas significativas de armamentos modernos para este país", disse a presidência russa em comunicado.
O Kremlin considera que essas acusações e esses meios militares criam "as condições para possíveis ações agressivas das forças ucranianas em Dombass", uma região no leste da Ucrânia onde a Rússia apoia separatistas armados há oito anos.
Putin voltou a reclamar que os Estados Unidos e a Otan se neguem a aceitar "as iniciativas russas" para diminuir as tensões, ou seja, que a Aliança Atlântica ofereça garantias de que não se expandirá para o leste, nem vai incorporar a Ucrânia, e que opere retiradas de seus meios militares na Europa Ocidental. O Kremlin também acusou Kiev, mais uma vez, de torpedear o processo de paz na guerra de Dombass.
Na conversa deste sábado, o presidente francês disse ao colega russo, por sua vez, que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada militar" na fronteira da Rússia com a Ucrânia.
Tanto Macron quanto Putin "expressaram a vontade de continuar o diálogo" para implementar os acordos de Minsk sobre a região separatista pró-russa de Dombass (leste da Ucrânia) e sobre "condições de segurança e de estabilidade na Europa", especificou o Palácio do Eliseu, após um telefonema de 1 hora e 40 minutos entre os dois líderes.
Macron ressaltou, contudo, que os ocidentais estão "decididos a reagir", se as Forças Armadas russas lançarem uma operação na Ucrânia, declarou a presidência francesa. Ele também "transmitiu as preocupações de seus parceiros e aliados europeus", acrescentou a mesma fonte.
A discussão entre Macron e Putin é a continuação do encontro de cinco horas entre ambos, na última segunda-feira (7), no Kremlin. No dia seguinte, o líder francês viajou para Kiev, onde se reuniu com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. Depois, Macron embarcou rumo a Berlim. O Palácio do Eliseu indicou que esta viagem diplomática atingiu seu "objetivo", ao permitir "avançar" para reduzir a tensão entre Rússia e Ucrânia.
* Com informações da Associated Press