A candidatura do presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, para um quinto mandato na presidencial de 18 de abril foi apresentada neste domingo (3) ao Conselho Constitucional, o que desatou novos protestos à noite.
O expediente da candidatura de Buteflika, hospitalizado há uma semana na Suíça e cujo retorno ainda não foi anunciado, foi apresentado por seu diretor de campanha, Abdelghani Zaalane, anunciou a agência de notícias oficial APS.
Buteflika prometeu neste domingo que, se eleito em 18 de abril, não terminará seu mandato e se aposentará depois de uma presidencial antecipada, cuja data será marcada após uma "conferência nacional", em uma carta enviada e lida neste domingo à noite na televisão nacional.
"Me comprometo a organizar uma eleição presidencial antecipada", cuja data será decidida em uma "conferência nacional" realizada após as eleições de 18 de abril, disse.
"Prometo não ser candidato nessa consulta", indicou Buteflika.
A possibilidade da candidatura de Buteflika para um quinto mandato gerou uma onda de protestos sem precedentes em duas décadas.
Neste domingo à noite, centenas de jovens voltaram a se manifestar nas ruas de Argel para mostrar a sua oposição a esta nova candidatura. Outra marcha de magnitude similar foi reportada em Bejala, onde os presentes, reunidos em frente à delegação de governo, diziam: "Querem guerra? Aqui estamos!".
Desde que o governo anunciou a intenção de Buteflika de concorrer a um quinto mandato, a Argélia foi abalada por protestos com dezenas de milhares de pessoas nas ruas de um país que há vários anos proibiu especificamente tais manifestações.
"Aqueles que condicionaram sua participação à retirada da candidatura do presidente (...) sem o menor escrúpulo ou respeito pelas regras da competição política na democracia (...) ficarão desapontados", disse neste domingo em um editorial o jornal El Mudjahid, órgão oficial de imprensa do governo.
No sábado, Buteflika publicou seu patrimônio, conforme exigido pela atual lei eleitoral para o registro de candidaturas.
No entanto, Buteflika surpreendeu a todos ao demitir seu chefe de campanha, Abdelmalek Sellal, de 70 anos, um aliado de muitos anos, que foi substituído por Abdelghani Zaalane, atual ministro dos Transportes.
- O Conselho, cercado -
Neste contexto político, Sellal parece ter sido usado como um "fusível" para tentar acalmar os protestos contra uma nova candidatura presidencial de Buteflika.
Sellal estava muito exposto devido à ausência física do presidente, que desde que sofreu um derrame em 2013 não aparece em público, e atualmente está hospitalizado em Genebra.
A data de retorno de Buteflika à Argélia ainda não foi anunciada.
Em seu site oficial, o Conselho Constitucional declara que o registro de candidatura "deve ser apresentado pelo candidato", mas não menciona qualquer obrigação legal para o aspirante comparecer pessoalmente.
Neste domingo, um importante esquema de segurança foi montado em torno do Conselho, com o trânsito de veículos interrompido nas proximidades, observou um jornalista da AFP.
- Seis candidatos confirmados -
O general da reserva Ali Ghediri, que surgiu na cena política argelina em 2018 com a promessa de "mudança", apresentou esta manhã a sua candidatura no Conselho Constitucional.
Embora Ghediri tenha sido visto como uma pedra no sapato de Buteflika, nas últimas semanas se manteve discreto.
Ghediri é o sexto candidato a apresentar a sua candidatura, depois de cinco candidatos de pequenos partidos.
O empresário Rashid Nekkaz, onipresente nas redes sociais e que atrai jovens entusiastas em seus atos públicos, deve ir ao Conselho Constitucional na parte da tarde.
No entanto, Nakkaz tem um problema quase intransponível: apesar de ter renunciado definitivamente à sua cidadania francesa, a lei eleitoral determina que um candidato presidencial "nunca deve ter tido outra nacionalidade que a argelina".
Enquanto isso, Ali Benfils, que foi assistente de Buteflika entre 2000 e 2003 para depois se tornar o seu principal adversário nas eleições de 2004 e 2014, não se apresentará à consulta, embora no momento as razões para isso não tenham sido divulgadas.
Neste domingo, as manifestações também incluíram centenas de estudantes, que ocuparam um campi universitários em diferentes partes do país.
Neste domingo também houve manifestações de argelinos na França, particularmente nas grandes cidades, como Paris e Marselha.
* AFP