As investigações da Polícia Civil (PC) que apuravam possível direcionamento em processos de compras na Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Porto Alegre detectaram, na segunda fase da Operação Capa Dura, deflagrada nesta sexta-feira (5), suspeitas de pagamento de propina para a então titular da pasta, Sônia da Rosa. Valores teriam sido repassados para que Sônia fechasse a aquisição de um apartamento, em 2022, na Capital.
A ex-secretária é uma das principais investigadas nos inquéritos por suspeita de irregularidades na Smed. Em janeiro, ela foi presa na primeira etapa da Operação Capa Dura. Foi a partir de apreensões feitas na época que a polícia avançou em informações sobre quem poderia ter se beneficiado com os negócios que tiveram suposto direcionamento para determinados fornecedores.
A polícia não detalha a investigação. A reportagem apurou que o empresário Jailson Ferreira da Silva, conhecido como Jajá, teria tratado do repasse de valores para o negócio do imóvel de Sônia. Jailson é representante de empresas que fizeram vendas à Smed na gestão de Sônia na Capital e, anteriormente, em Canoas.
Das 11 aquisições feitas por adesão à ata de registro de preço em 2022 pela Smed da Capital, seis tiveram a participação do empresário como intermediário. As compras sob suspeita nesta fase da Capa Dura, efetuadas entre junho e outubro de 2022, somaram de R$ 36,5 milhões pagos pela prefeitura por cerca de 500 mil livros das empresas Inca e Sudu. Pessoas vinculadas a Jailson teriam feito repasse para a compra do imóvel, que é avaliado em mais de R$ 500 mil.
Na ação desta sexta-feira (5), policiais estão cumprindo mandado de busca e apreensão no apartamento de Sônia. A Justiça também determinou o afastamento dela do exercício de função pública. Sônia conduziu a pasta na Capital entre março de 2022 e junho do ano passado.
Contraponto
O que diz João Pedro Petek, que defende a ex-secretária Sônia da Rosa:
Só vamos nos manifestar nos autos.
O que diz Nereu Giacomolli, que defende Jailson Ferreira da Silva:
"O senhor Jailson nega ter feito pagamentos ou depósitos como sendo propina ou qualquer espécie de vantagem. Ele pretende esclarecer e demonstrar que é inocente e que as suspeitas são infundadas."
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