Depois de enfrentar enchentes em sequência em Roca Sales, no Vale do Taquari, em setembro e novembro de 2023, o empresário Walmir Conzatti, do ramo de materiais de construção, criou um plano de contingência para evitar novas perdas em caso de futuros desastres.
O projeto previa a construção de um segundo pavimento na loja onde também ficava o depósito, acima da cota onde a água já havia chegado, para preservar o estoque. Mas os planos do empresário foram frustrados em maio de 2024, quando a maior enchente da história do Estado ultrapassou a cota até então alcançada.
Agora, a empresa é uma das que iniciou a migração para uma área mais elevada da cidade, na Estrada 21 de abril.
— É uma área bem elevada, que nas cheias se torna uma ilha — diz Conzatti.
Ele espera começar a obra em breve e concluí-la até o fim do ano. Ao lado do terreno onde ficará a nova loja, outra empresa já anuncia a construção de um residencial, e outros comércios menores já operam em área segura.
— A gente sabe que a cidade não vai sair do centro, as lojas que têm possibilidade de retirar o estoque permanecerão lá — avalia.
Investimento em sistema próprio
Chama atenção de quem passa pela RS-130, do outro lado do Rio Taquari, o tamanho de um muro construído ao redor de uma empresa que fabrica produtos químicos para indústria de borrachas. Atingida pelas cheias, a empresa Quisvi investiu em um sistema próprio para contenção de inundações.
Segundo um dos sócios, Leonardo Lucas, o projeto original já previa 1m20cm acima da cota máxima dos últimos 20 anos. Depois de maio, a empresa projetou um sistema de proteção de até 2 metros acima da cota histórica.
O sistema que está em fase final de conclusão conta com um perímetro de 400 metros de muro projetado para suportar a água e um aterro em todos os pavilhões. Apesar dos custos envolvidos, que chegam a R$ 1,5 milhão, a empresa resolveu permanecer no mesmo local.
— Foi uma decisão difícil, custosa, mas o ponto principal é a mão de obra. Você tem uma mão de obra fiel, com funcionários parceiros. Empresa química tem que ter mais máquinas do que funcionários, mas eles têm que ser especializados, saber o que estão fazendo — destacou.