A Polícia Civil de Curitiba abriu inquérito nesta segunda-feira (10) para investigar a denúncia feita pela professora Isabel Oliveira, que afirma ter sido vítima de racismo dentro de um mercado da rede Atacadão, do grupo Carrefour, no bairro do Parolin, zona sul da capital do Paraná.
A professora diz que foi seguida por um segurança dentro do estabelecimento e que, horas mais tarde, voltou para finalizar suas compras e ficou apenas de calcinha e sutiã, para mostrar que não estava furtando.
A abertura de investigação foi confirmada na tarde desta segunda pela delegada responsável pelo caso, Camila Cecconello, titular da Divisão de Homicídios de Curitiba. Isabel registrou boletim de ocorrência e prestou depoimento. Neste momento, o caso está autuado pelos crimes da lei de discriminação racial.
A delegada informou que ouvirá testemunhas, funcionários e gerentes, e que buscará imagens de câmeras de segurança, tanto internas quanto externas ao estabelecimento.
O caso de Isabel ganhou repercussão nacional. Na sexta-feira (7), ela foi ao mercado comprar leite em pó para a filha e diz ter sido seguida por um segurança enquanto andava entre as gôndolas.
De acordo com a delegada, a professora chegou a confrontar o funcionário e foi embora, bastante abalada. Dentro do carro, Isabel gravou um vídeo que foi publicado nas suas redes sociais. Aos prantos, ela comentou o que aconteceu.
Horas mais tarde, ela retornou ao mesmo mercado e, enquanto pegava os produtos, tirou a roupa. No seu corpo, ela escreveu, "sou uma ameaça?".
— Quando eu vim vestida, havia um segurança atrás de mim. Eu voltei, agora nua, para levar a latinha de leite para a minha bebê e mostrar que não estou roubando nada — disse a professora para uma atendente.
Contraponto
A rede Atacadão afirmou, no domingo (9), que revisou as imagens do dia do incidente e "não identificou indícios de abordagem indevida".
Nesta segunda-feira, a empresa divulgou um novo posicionamento, afirmando que suspendeu o funcionário indicado por Isabel e que "imagens internas das câmeras da loja serão disponibilizadas às autoridades".
Repercussão
Durante seu discurso na reunião dos cem dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, diante dos seus ministros, o caso de Isabel.
— O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compra, achando que ela ia roubar, ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que ela não ia roubar. Se eles querem fazer isso no país de origem deles, que façam, mas não iremos permitir que eles ajam assim aqui — disse o presidente.