O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) entrou na Justiça contra a militante bolsonarista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, que divulgou dados pessoais da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio e realizou aborto legal. A entidade pede que Sara seja condenada a pagar R$ 1,32 milhões por dano moral coletivo, que seriam revertidos para o Fundo de Direitos da Criança e do Adolescente de São Mateus. A ação foi movida por meio da promotoria de Justiça da Infância e Juventude de São Mateus.
Sara teve acesso, de forma ilegal, a detalhes do caso, que corre em segredo de Justiça. A militante divulgou vídeo nas redes sociais divulgando o nome da menina e o endereço do hospital onde ela passaria por um procedimento de interrupção da gestação. Ela também chamou o médico responsável pela unidade de "aborteiro".
"No vídeo veiculado, que obteve aproximadamente 66 mil visualizações, a requerida expõe a criança e a família dela e conclama os seguidores a se manifestarem, em frontal ofensa à legislação protetiva da criança e do adolescente", argumenta o MP. Conforme a entidade, a atitude de Sara teve como consequência um protesto em frente ao hospital pernambucano onde foi realizado o procedimento médico, quando a família da criança e os profissionais de saúde foram hostilizados. Tanto médicos do local quanto a criança foram chamados de assassinos pelos manifestantes.
Ao dar publicidade ao endereço do hospital onde se encontrava a criança, Sara desrespeitou a Constituição Federal, que tem foco na dignidade da pessoa humana, afirma o MP.
"Essa conduta, conforme a ACP (Ação Civil Pública), está incluída em uma estratégia midiática de viés político-sensacionalista, que expõe a triste condição da criança de apenas 10 anos de idade".
Em junho, Sara foi presa pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito sobre a organização de atos antidemocráticos, que culminaram com um foguetório no Supremo Tribunal Federal (STF). Dias depois, o ministro Alexandre de Moraes autorizou que ela fosse liberada da prisão com monitoramento eletrônico por tornozeleira.
Conta removida
Na noite de domingo (17), a Justiça do Espírito Santo atendeu a um pedido da Defensoria Pública do Estado e deferiu liminar determinando que o Google (Youtube), o Facebook e o Twitter retirassem, em próximas 24 horas, "informações divulgadas em suas plataformas sobre a menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada". A conta de Sara foi encerrada no YouTube "por violar os Termos de Serviço" da plataforma.