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O procurador de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) Aor Steffens Miranda, 50 anos, e o engenheiro João Carlos Schultz, 36 anos, morreram atropelados na Avenida Beira-Mar de São José, na Grande Florianópolis, por volta das 2h15min desta sexta-feira. Os amigos haviam acabado de sair de uma partida de futebol e conversavam perto dos seus carros quando uma Mercedes C180 invadiu a calçada e os atingiu, parando somente 60 metros depois ao bater contra um muro.
O motorista, Felipe Silva Pereira, 35 anos, foi levado ao hospital junto com passageiro, que seria seu irmão. Sob custódia da Polícia Militar, ele deverá ser levado à delegacia assim que receber alta, pois os agentes indicaram, por prova testemunhal, que Pereira estava embriagado. De acordo com o delegado Alexandre Oliveira Carvalho, ele deve ser preso em flagrante por duplo homicídio doloso.
O Ministério Público divulgou uma nota de pesar pela morte do procurador de Justiça. Natural de Porto Alegre, Seffens foi reconhecido por atuar em causas de combate a fraudes no poder público durante sua carreira na instituição catarinense. "No momento, integrantes da Coordenadoria de Inteligência e Segurança Institucional e policiais da Casa Militar acompanham o infortúnio acontecimento. Aos familiares, nossos sinceros sentimentos", informou o MP.
Aor Steffens Miranda ingressou no Ministério Público de Santa Catarina em 1990 como Promotor de Justiça em Joinville. Passou pelas comarcas de Anita Garibaldi, Santa Cecília, Canoinhas, Criciúma, Itajaí e na Capital. À frente da 26ª Promotoria da Moralidade Pública em Florianópolis, que atua sobre contratos relacionados ao Governo do Estado, Aor foi responsável por processos de grande visibilidade como o caso Monreal, que apurou mais de R$ 200 milhões em despesas irregulares na Celesc, além de irregularidades em contratos do Seitec (Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, ao Turismo e ao Esporte), entre outros. Em 2016 tomou posse como Procurador de Justiça. Ele deixa esposa e dois filhos.
Sinais de embriaguez ao sair do veículo
A Guarda Municipal de Trânsito de São José foi a primeira equipe a chegar no local. Logo depois, viaturas da Polícia Militar (PM) também ajudaram no atendimento. Segundo a capitão Juliana Lopes, os dois corpos estavam a 60 metros do local da batida. O condutor, segundo ela, saiu do carro sem saber onde estava:
– Quando perguntamos como ele havia chega ali, ele disse que tinha sido de ônibus. O condutor estava desorientado, com odor etílico, exalava cheiro de álcool. Ele certamente estava em alta velocidade e, no mínimo, alcoolizado.
Felipe e o irmão ficaram machucados e foram levados ao hospital. O motorista passaria por uma tomografia nesta sexta de manhã. Se não houver danos, ele receberá altar e será levado para a delegacia de São José, onde vai prestar depoimento.
Delegado vai indiciá-lo por duplo homicídio doloso
Antes mesmo de ouvir o condutor, o delegado Alexandre Carvalho de Oliveira já avaliou que vai indiciá-lo por duplo homicídio doloso, com intenção de matar. Os agentes da Guarda e os policiais da PM testemunhas dos momentos pós-acidente foram ouvidos nesta manhã de sexta-feira. Até mesmo o secretário de Segurança Pública do Estado, César Grubba, que é promotor de Justiça, entrou em contato com o delegado em busca de informações.
Para Oliveira, a autoria do crime está definida. Segundo ele, Felipe Oliveira foi o responsável pelo acidente. Um advogado dele chegou a ir até a delegacia atrás dos dados iniciais da ocorrência.
– Vamos solicitar as imagens do local e perícia do acidente. Estou aguardando o condutor para fazer o interrogatório e autuá-lo em flagrante, sem fiança – explicou o delegado.
Procurador-geral lamenta perda
Antes de iniciar a coletiva de imprensa que apresentaria uma série de medidas do Ministério Público para apurar a situação financeira da Saúde em Santa Catarina, nesta sexta-feira de manhã, o Procurador-Geral de Justiça, Sandro José Neis, lamentou a triste notícia da morte do procurador.
– Aor era nosso colega, um irmão. Tem uma história de vida exemplar – disse o Procurador-Geral, no início da coletiva.
As bandeiras brasileiras e de Santa Catarina, expostas durante a coletiva, também traziam o laço preto de luto. Questionado se o Ministério Público pretendia realizar uma ação mais efetiva para combater a imprudência no trânsito, Sandro disse que não só a morte do colega, nesta sexta, mas todas as demais registradas nos últimos meses preocupa a entidade.
– Eu já havia me reunido com as polícias para pedir mais fiscalização, mais blitzes. Não podemos aceitar que um motorista embriagado passe em frente à um posto policial e não seja flagrado – observou.
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