Na China, o presidente Michel Temer falou rapidamente com jornalistas, na noite desta segunda-feira (horário de Brasília), sobre a decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) de revisar a delação da JBS. Questionado por uma repórter sobre a investigação aberta por Rodrigo Janot, Temer disse inicialmente que falaria sobre a viagem à China, pois o assunto "interessa mais ao Brasil do que isso". Em seguida, o chefe do Executivo voltou a ser questionado sobre a apuração da PGR, e reiterou que não pretendia falar sobre o caso:
– Eu não falo sobre isso. Realmente, tenho que ter a maior serenidade, como sempre tive. Respeito todas as decisões que forem tomadas pela Justiça, pela Câmara dos Deputados, pela Procuradoria-Geral. Eu tenho que respeitá-las, mas não devo falar uma palavra sobre isso – disse.
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Com a negativa do presidente em falar sobre o caso, um jornalista perguntou se o presidente concordava que a investigação sobre a delação da JBS deveria adiar uma nova denúncia contra ele, como defende seu advogado, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. Temer voltou a ser evasivo:
– Isso é coisa do meu advogado, como você disse. O advogado tem que cuidar disso.
Em seguida, Temer agradeceu a presença dos jornalistas e se retirou.
Delação em xeque
Por volta das 19h desta segunda-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou, em coletiva de imprensa chamada às pressas na sede da PGR, que o acordo de delação premiada firmado entre o Ministério Público Federal (MPF) e executivos da JBS está sob investigação. O procedimento visa apurar possível omissão de informação sobre prática de crimes no processo de negociação da delação da JBS. Janot afirmou que se os indícios de irregularidades se confirmarem, o acordo de delação com os executivos da JBS poderá ser cancelado.
No entanto, o procurador fez questão de destacar que uma eventual rescisão da colaboração não vai invalidar provas levantadas no processo.
Para justificar a investida contra os delatores, Janot citou os novos áudios apresentados pela JBS nos últimos dias. Segundo o procurador, os arquivos revelam diálogos entre dois colaboradores fazendo referências indevidas à PGR e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os novos áudios também citam indícios de que o ex-procurador Marcello Miller teria cometido irregularidades.