A máxima de que "o crime não anda a pé", utilizada pelo delegado Adriano Nonnenmacher, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), é confirmada nos números divulgados pela Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP). Enquanto os os índices de violência assustam a população, sobem também os roubos e furtos de veículos no Rio Grande do Sul nos últimos cinco anos.
Durante o primeiro semestre de 2016, bandidos levaram um veículo a cada 14 minutos no Estado. Foram, em média, 106 carros por dia.
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Se levados em conta apenas os roubos, houve acréscimo de 57% nos últimos cinco anos, passando de 5.887 nos seis primeiros meses de 2012 para 9.225 no mesmo período de 2016. A elevação foi, inclusive, três vezes maior do que o aumento da frota, que bateu a marca de 18% (veja quadro ao lado).
– Se seu carro está sendo visado pela criminalidade, não há o que fazer. Vai ser roubado – lamenta o cientista social Charles Kieling.
No entanto, o delegado Nonnenmacher aponta evolução no combate a esses crimes nos últimos meses. Conforme dados repassados por ele, em agosto e setembro, furtos e roubos de veículos em Porto Alegre diminuíram 33% e 44%, respectivamente, em relação aos mesmos meses de 2015.
– Realizamos mais de cem operações e prendemos 161 pessoas que atuavam em furto, roubo e clonagem em 2016. Além disso, foram mais de 30 ações da Operação Desmanche em parceria com a Brigada.
Para sociólogo, é preciso mapear as quadrilhas
O cientista social reconhece a efetividade da Lei dos Desmanches, mas não como ação isolada:
– É errado acreditar que uma lei vai coibir a criminalidade. É preciso mapear as quadrilhas que utilizam esses veículos. Há muitas pessoas que contribuem para que o mercado (de peças furtadas e roubadas) continue funcionando.
– Além do policiamento ostensivo, daria para implantar portais eletrônicos que identificariam carros que entram e saem da cidade. É fácil de se fazer – complementa o sociólogo e professor da PUCRS, Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo.
Perfil de ladrões é variado e mulheres são alvo, diz delegado
Se há alguns anos o destino dos carros roubados e furtados estava bem definido, hoje a situação é diferente, conforme a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.
– Não predomina mais o perfil clássico de ladrões que roubavam para clonar, desmanchar ou mandar para outros Estados e países – diz o delegado Nonnenmacher.
Os carros, atualmente, são utilizados para os mais diversos fins. De acordo com o delegado, os veículos também são cobiçados por adolescentes que roubam e furtam para ir em festas, para simplesmente se deslocar entre bairros antes de abandonar, como para cometer outros crimes.
– São, em sua maioria, jovens, mas há perfil muito variado. Pode ser o pequeno traficante, o grande traficante, o estelionatário – enumera o delegado.
Quando vendidos, os automóveis variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil, em média. Conforme o delegado, os criminosos preferem abordar mulheres que estão distraídas em ruas pouco movimentadas, em geral, saindo de residências.
*ZERO HORA